Assistente de Terapeuta Ocupacional
- victornunes88
- 22 de ago.
- 9 min de leitura
Gosta de cuidar de pessoas, tem paciência para ouvir e manda bem na organização? A profissão de assistente de terapeuta ocupacional pode ser um ótimo ponto de partida para entrar no universo da reabilitação e da inclusão sem mergulhar em conteúdos técnicos pesados.
No dia a dia, você ajuda a preparar ambientes e materiais, recebe pacientes e famílias com atenção, registra informações simples, organiza agendas e dá suporte para que o terapeuta ocupacional foque no que é mais importante: promover autonomia nas atividades da vida diária (vestir-se, estudar, brincar, trabalhar, participar da comunidade).
Um ponto essencial: no Brasil, atos terapêuticos (avaliação, prescrição e aplicação de técnicas) são privativos de terapeutas ocupacionais registrados no conselho profissional (COFFITO/CREFITO). Ou seja, o assistente não realiza procedimentos terapêuticos; atua como apoio — organizando, acolhendo, registrando e garantindo que a sessão aconteça de forma fluida e segura, sempre sob orientação. Essa divisão existe por lei e protege o paciente e os profissionais.

O que é um assistente de terapeuta ocupacional
Em palavras simples, o assistente de terapeuta ocupacional é quem faz a engrenagem girar para que o atendimento aconteça bem. Ele colabora com a equipe na preparação de salas e materiais, confere agendas e documentos, ajuda a acompanhar o paciente até o local de atendimento, orienta regras básicas do serviço e registra informações simplesacordadas com a(o) terapeuta. Em alguns lugares, o cargo aparece com nomes como “auxiliar de reabilitação”, “apoio terapêutico”, “assistente de clínica de reabilitação” ou “recepção/apoio em terapia ocupacional”.
Importante reforçar: não existe no Brasil a figura legal de “técnico/auxiliar de terapia ocupacional” que aplique técnicas da profissão de forma autônoma. Há pareceres de conselhos regionais explicando que não há previsão legal para um profissional de nível médio executar atos de terapia ocupacional; as técnicas terapêuticas são exclusivas de fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, conforme o Decreto-Lei nº 938/1969 e normas do COFFITO. Na prática, o assistente apoia e organiza; quem avalia e conduz a intervenção é o terapeuta ocupacional, CBO 2239-05.
O que faz
Recepciona e acolhe pacientes e familiares com empatia.
Organiza a agenda e confirma horários combinados pela equipe.
Prepara a sala (materiais, mobiliário, brinquedos/livros, recursos de acessibilidade).
Separa e higieniza materiais conforme protocolos da instituição.
Acompanha o paciente até a sala e orienta combinados (tempo, regras do espaço).
Registra informações simples acordadas com a(o) terapeuta (presença, observações não clínicas).
Apoia oficinas e grupos (entrega de materiais, organização do ambiente).
Mantém o espaço seguro (sem obstáculos, com sinalização e ventilação adequadas).
Faz interface com setores como recepção, administrativo e transporte.
Cuida da logística de materiais (solicitações básicas, reposição).
Atua na comunicação com usuários (lembretes de horários e documentos).
Zela pela privacidade dos dados e documentos do paciente.
No cotidiano, a(o) assistente ajuda a transformar a sessão em uma experiência acolhedora e organizada: a sala está pronta, os materiais separados, o paciente chega tranquilo, e o terapeuta ocupa o tempo com o que realmente importa. Em serviços que usam prontuário eletrônico, entram rotinas simples de registro sem acessar conteúdo clínico sigilosoalém do que é designado e permitido. Há manuais do Ministério da Saúde sobre LGPD e prontuário eletrônico que orientam equipes sobre segurança e privacidade no dia a dia.
Responsabilidades
Tratar bem todas as pessoas, com respeito à diversidade e à diferença.
Checar a organização do ambiente antes e depois das sessões.
Seguir orientações da(o) terapeuta sobre materiais e dinâmica.
Cumprir horários e apoiar a pontualidade do serviço.
Proteger dados pessoais (LGPD) e guardar documentos com sigilo.
Registrar ocorrências simples (faltas, atrasos, intercorrências não clínicas).
Cuidar de EPIs e da higiene do espaço conforme protocolos do serviço.
Comunicar problemas (falta de material, quebra de recurso, sala indisponível).
Apoiar oficinas e eventos de educação em saúde e inclusão.
Respeitar limites legais: não realizar avaliação ou técnica terapêutica.
Cooperar com a equipe multidisciplinar (TO, fono, fisio, psicologia, pedagogia etc.).
Zelar pela segurança de todos, sinalizando riscos no ambiente.
Essas responsabilidades existem para proteger o paciente, manter qualidade e confidencialidade e garantir que cada profissional atuará na sua competência. O uso de prontuários e dados de saúde deve seguir LGPD e materiais oficiais do Ministério da Saúde, com controle de acesso e registros apropriados. Já a aplicação de técnicas terapêuticas é competência exclusiva do terapeuta ocupacional (e de outras profissões quando couber), como descreve a legislação.
Áreas de atuação
Clínicas e centros de reabilitação (particulares, filantrópicos e SUS).
Hospitais e ambulatórios (pediatria, ortopedia, neurologia, saúde mental).
Serviços públicos como CAPS (saúde mental) e Centros Especializados em Reabilitação – CER.
Escolas e projetos de inclusão (apoio a oficinas e atividades adaptadas).
Organizações sociais e ONGs (oficinas terapêuticas, inclusão produtiva).
Em clínicas e CER, a rotina envolve preparar salas, organizar materiais de atividades e acolher famílias. Nos CAPS, há forte presença de grupos e oficinas, em que o assistente ajuda na logística do espaço e dos materiais. Em hospitais, a dinâmica é mais intensa e requer atenção a normas do serviço.
Em escolas e projetos sociais, o foco costuma ser apoio em atividades de vida diária e oficinas com objetivos pedagógicos e de participação social (sempre sob coordenação do profissional habilitado). O Ministério da Saúde vem expandindo serviços de reabilitação (como CERs) e ampliando a rede de saúde mental (CAPS), o que movimenta equipes e demanda apoio.
Como se tornar um
Ainda no ensino médio, dá para construir uma boa base:
invista em comunicação (escrita e oral),
treine organização (agenda, checklists, prazos),
desenvolva empatia e paciência (escuta, respeito às diferenças),
participe de projetos escolares com oficinas, eventos e ações sociais.
Para entrar no mercado, muitas instituições contratam para apoio/assistência com ensino médio concluído e formações curtas. Vale procurar cursos livres de atendimento em serviços de saúde, acolhimento e hospitalidade, noções de primeiros socorros e LGPD aplicada à saúde. Essas formações ajudam a entender o funcionamento de clínicas/serviços, a dinâmica do acolhimento e as regras de privacidade em prontuários e dados sensíveis. O Ministério da Saúde publica manuais de uso do prontuário eletrônico na APS e materiais sobre boas práticas de proteção de dados, úteis para quem atua no front.
Para quem deseja crescer, há dois caminhos comuns:
Gestão do atendimento (recepção, agendas, fluxos, indicadores simples, coordenação de equipe de apoio);
Profissão clínica: cursar graduação em Terapia Ocupacional (ou áreas afins, como Fonoaudiologia, Fisioterapia, Psicologia, Pedagogia) — com registro e habilitação adequados. Lembre: não há no Brasil o “técnico/auxiliar de TO” com autonomia para executar técnicas; para atuar clinicamente, é preciso graduação e registro no conselho.
Habilidades necessárias para a profissão
Antes de qualquer sistema, vem gente + organização. O que mais conta:
Acolhimento e empatia (respeito às diferenças, escuta ativa).
Comunicação clara (explicar combinados, orientar horários e regras).
Organização (sala pronta, materiais, checklists).
Atenção a detalhes (nomes, horários, orientações da(o) terapeuta).
Trabalho em equipe (sinergia com TO, fono, fisio, psicologia, escola e família).
Responsabilidade e sigilo (LGPD e confidencialidade).
Proatividade com limite (resolver o que é da sua alçada e pedir ajuda no resto).
Resiliência (lidar com mudanças, atrasos e imprevistos).
Cuidado com segurança (ambiente sem riscos, materiais adequados).
Todas essas habilidades são treináveis com prática, feedback e rotinas simples (checklists, reuniões rápidas, planos de ação semanais). Materiais oficiais sobre prontuário e LGPD ajudam a construir desde cedo um olhar atento à privacidade.
Salário médio
Como esse cargo aparece com títulos diferentes (assistente/auxiliar de reabilitação, apoio em clínica de TO, recepção de reabilitação), a remuneração costuma seguir as referências de apoio/atendimento em saúde. Um parâmetro acessível é o da função Recepcionista/Atendente de consultório médico ou dentário (CBO 4221-10), bastante usada em clínicas: média nacional de R$ 1.707/mês, com piso de cerca de R$ 1.660 e teto próximo de R$ 2.436, atualizado em 6 de agosto de 2025 (base CAGED – Portal Salario). Isso é salário base e pode variar por cidade, porte da instituição e benefícios.
Para referência de teto da área clínica (não é o cargo do assistente), um terapeuta ocupacional CLT tem média de R$ 4.532,50/mês segundo o mesmo portal, também atualizado em agosto de 2025 — útil para quem planeja crescer e se graduar depois.
Dica prática: ao buscar vagas, leia o descritivo (tarefas e título do cargo) para entender em qual faixa se encaixa — muitas vagas de “assistente” estão alinhadas a apoio administrativo/atendimento.
Local e ambiente de trabalho
O ambiente pode ser uma clínica de reabilitação, hospital, ambulatório, CER, CAPS, escola ou ONG. A rotina mistura:
Antes das sessões: checar a agenda do dia, deixar a sala pronta (posicionar mesas/cadeiras, testar recursos de acessibilidade, separar brinquedos/livros/atividades, verificar ventilação e segurança).
Durante: receber pacientes e familiares, acompanhar até a sala, apoiar na logística dos grupos/oficinas (entrega de materiais, organização do ambiente), registrar presença e comunicações combinadas.
Depois: recolher e higienizar materiais, organizar o espaço, sinalizar reposições necessárias, registrar ocorrências simples (ex.: paciente faltou, equipamento quebrou).
Em serviços públicos com prontuário eletrônico, há rotina de registros básicos e atenção à LGPD (quem pode ver o quê, guarda de documentos). A comunicação é muito humana: explicar com calma, respeitar o tempo de cada pessoa, adaptar linguagem para diferentes idades, sempre alinhado às orientações da(o) terapeuta.
Mercado de trabalho
A demanda por apoio em reabilitação e inclusão é constante — e alguns movimentos recentes reforçam esse cenário.
1) Expansão da rede de reabilitação (CERs)O Ministério da Saúde anunciou a abertura de 15 novos Centros Especializados em Reabilitação em 2024, com investimento específico para ampliar o cuidado à pessoa com deficiência. Desde 2023, o governo vem ampliando serviços nessa rede. Isso movimenta equipes multidisciplinares e aumenta a necessidade de apoio (organização de salas, logística de materiais, acolhimento).
2) Fortalecimento da saúde mental (CAPS)A rede de saúde mental (RAPS) tem recebido novos investimentos e expansão de unidades CAPS pelo Novo PAC e outras ações federais. Em 2024, o Ministério da Saúde indicou mais 150 CAPS a serem construídos; em dezembro do mesmo ano, a habilitação nacional somava cerca de 3 mil CAPS, ultrapassando a meta do PNS. Isso cria ou reforça equipes onde oficinas terapêuticas e atividades em grupo pedem apoio logístico qualificado.
3) Foco em inclusão e acessibilidadeEscolas, universidades, empresas e serviços públicos têm intensificado ações de acessibilidade e inclusão, com atividades adaptadas e projetos de participação social. Onde há TO, há espaço para apoio — especialmente em oficinas, grupos e organização de recursos didáticos e de tecnologia assistiva (sempre sob orientação profissional).
4) Profissionalização do atendimento e da privacidade (LGPD)Com o avanço do prontuário eletrônico e a proteção de dados sensíveis, as instituições buscam pessoas que compreendam a importância do sigilo e saibam seguir protocolos. O Ministério da Saúde possui materiais e manuais que orientam boas práticas — diferencial para quem está começando.
5) Caminhos de carreiraMuita gente inicia como assistente/apoio e, com experiência e cursos, evolui para coordenação de atendimento/recepção, gestão de agendas e processos. Outra opção é fazer graduação em Terapia Ocupacional para atuar clinicamente, com registro profissional. A escolha depende do seu interesse: gestão do serviço ou prática clínica(que exige formação superior).
Onde procurar vagas
Clínicas de reabilitação privadas e filantrópicas;
Hospitais e ambulatórios (reabilitação, neurologia, pediatria, ortopedia, saúde mental);
Serviços do SUS (CER, CAPS – via processos seletivos de OS/Prefeituras);
Escolas e ONGs com projetos de inclusão;
Plataformas de emprego com filtro por “assistente de reabilitação/apoio”.
Como se destacar agora (checklist prático):
Monte um miniportfólio com checklists, fotos do ambiente organizado (sem dados pessoais), ideias de oficinas simples e relatos de melhoria (“reduzimos atrasos com confirmação de horário por WhatsApp”).
Estude noções de LGPD e prontuário eletrônico (o básico para sua função).
Treine comunicação: roteiros curtos de acolhimento, informações essenciais e como pedir ajuda à equipe.
Crie rotinas (abertura/fechamento de sala, conferência de materiais, planilha de reposição).
Mostre interesse genuíno por inclusão — acompanhe notícias sobre RCPD e CAPS e entenda o papel da TO nesses serviços.
Conclusão do cenário: a combinação de expansão de serviços públicos, valorização da inclusão e profissionalização do atendimento mantém a demanda por quem organiza, acolhe e facilita o trabalho das equipes — exatamente o papel do assistente de terapeuta ocupacional.
Perguntas frequentes sobre a profissão
1) O assistente pode aplicar técnicas de terapia ocupacional? Não. Avaliar, prescrever e aplicar técnicas é atribuição privativa da(o) terapeuta ocupacional com registro profissional. O assistente apoia e organiza o atendimento.
2) Precisa de faculdade para ser assistente? Para cargos de apoio, geralmente ensino médio e cursos curtos (atendimento em saúde, acolhimento, LGPD, primeiros socorros) já contam bastante. Para atuar clinicamente como terapeuta ocupacional, aí sim é graduação e registro.
3) Onde esse profissional trabalha? Em clínicas e centros de reabilitação, hospitais, CERs, CAPS, escolas e ONGs, sempre sob orientação da equipe técnica.
4) Como é a rotina? Mistura organização de sala/material, acolhimento, apoio a oficinas/grupos e registros simples. É um trabalho muito humano e de bastidores.
5) Dá para crescer? Sim. Você pode evoluir para coordenação de atendimento ou estudar Terapia Ocupacional e atuar clinicamente no futuro.
Links e vídeos úteis
COFFITO – Código CBO do Terapeuta Ocupacional (2239-05) e informações da profissão
https://www.coffito.gov.br/nsite/?page_id=3388 (Coffito)
Decreto-Lei nº 938/1969 – atribuições privativas (TO/Fisioterapia)
https://crefito9.com.br/admin/data/dynamic/leis/7/downloads/8ad6325f467e6eb11961f16c781ebab2.pdf(crefito9.com.br)
Parecer CREFITO – ausência de previsão legal para “técnico/auxiliar” executar atos terapêuticos
https://crefito18.org.br/crefito-18-emite-parecer-sobre-atuacao-de-assistente-terapeutico/(CREFITO 18)
LGPD na saúde – Manual (Ministério da Saúde / e-SUS APS)
https://sisaps.saude.gov.br/sistemas/esusaps/docs/manual/LGPD/ (SISAPS)
Prontuário eletrônico na APS – Manual (Ministério da Saúde)
https://sisaps.saude.gov.br/sistemas/esusaps/docs/manual/PEC/ (SISAPS)
Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência (RCPD) – página oficial
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/saude-da-pessoa-com-deficiencia/rcpd(Serviços e Informações do Brasil)
Anúncio de novos CERs (2024) – Ministério da Saúde / Agência Brasil
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2024/setembro/ministerio-da-saude-vai-abrir-15-centros-para-cuidado-da-pessoa-com-deficiencia (Serviços e Informações do Brasil)
CAPS – informações oficiais e expansão
https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/saes/desmad/raps/caps (Serviços e Informações do Brasil)
Salário (referência de apoio/recepção em saúde – CBO 4221-10)
https://www.salario.com.br/profissao/recepcionista-de-consultorio-medico-ou-dentario-cbo-422110/ (Portal Salario)
Salário do Terapeuta Ocupacional (para quem quer seguir à graduação)
https://www.salario.com.br/profissao/terapeuta-ocupacional-cbo-223905/ (Portal Salario)
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