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Engenheiro da Marinha

Se você curte navios, portos, estaleiros, energia no mar e quer ver projetos gigantes saírem do papel com segurança e impacto real para o país, a carreira de Engenheiro da Marinha pode ser sua praia — e ela tem duas trilhas principais no Brasil: (1) a militar, como oficial do Corpo de Engenheiros da Marinha do Brasil (CEM), entrando por concurso público e formação no CIAW (Centro de Instrução Almirante Wandenkolk); (2) a civil, como Engenheiro Naval e Oceânico (ou áreas correlatas), atuando em estaleiros, portos, empresas de navegação, indústria offshore e cadeias de suprimento ligadas à economia do mar.

 

Em ambos os caminhos, o foco é fazer o mar funcionar: da construção e manutenção de embarcações à logística de combustíveis, do transporte por cabotagem à segurança no trabalho a bordo e no estaleiro. Nos últimos anos, o setor tem mostrado sinais de retomada com novas licitações de navios e investimentos do Fundo da Marinha Mercante e de empresas como a Transpetro (subsidiária da Petrobras), o que tende a sustentar demanda por perfis técnicos bem formados.


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O que é um Engenheiro da Marinha


No uso do dia a dia, “Engenheiro da Marinha” costuma apontar para dois perfis:


  • Oficial engenheiro (carreira militar): profissional que ingressa por concurso no Corpo de Engenheiros da Marinha (CP-CEM), cursa formação militar-naval no CIAW (RJ) e depois assume funções técnicas e de gestão em organizações da Marinha, em áreas como obras, manutenção, armamento, infraestrutura, projetos e apoio logístico. O edital define requisitos (graduação específica, faixa etária etc.) e etapas do processo; o curso de formação dura cerca de 31 semanas e acontece no Rio de Janeiro.

  • Engenheiro naval (carreira civil): profissional formado em Engenharia Naval e Oceânica (ou áreas próximas), registrado no CREA/Confea, que trabalha no setor privado (ou público civil) em estaleirosempresas de navegaçãoportosconsultoriascadeia offshore e projetos de manutenção de frota. É uma profissão regulamentada — para assinar tecnicamente, é obrigatório o registro profissional no sistema Confea/Crea.


Em comum, as duas trilhas pedem éticaorganizaçãotrabalho em equipe e respeito a normas de segurança. Em ambiente naval e de estaleiros, as NR-34 (construção e reparo naval) e NR-30 (trabalho aquaviário) são referências conhecidas.


O que faz


  • Acompanha construção, docagem e reparo de embarcações.

  • Planeja e supervisiona rotinas de manutenção de sistemas de bordo.

  • Participa de licitaçõesespecificações e aceitação técnica de navios e equipamentos.

  • Garante segurança do trabalho conforme NR-34/NR-30 e procedimentos internos.

  • Coordena ensaios e inspeções (testes funcionais, estanqueidade, provas de mar).

  • Organiza cronogramascustos e contratos de serviços.

  • Integra equipes multidisciplinares (mecânica, elétrica, automação, TI, suprimentos).

  • Produz relatórios técnicos e planos de manutenção.

  • Interage com armadores, estaleiros, portos, sociedades classificadoras e órgãos públicos.

  • Na trilha militar, atua em organizações navais (arsenais, bases, centros de projetos e apoio).

  • Na trilha civil, pode atuar em projetos de cabotagem e em cadeias ligadas à Transpetro/Petrobras.


No dia a dia, esse trabalho alterna campo (bordo, cais, dique, oficina) e escritório (planejamento, contratos, laudos). Em estaleiros e reparos, a NR-34 define práticas de segurança e organização do canteiro; a bordo e em operações aquaviárias, a NR-30 traz requisitos de saúde e segurança. Os oficiais engenheiros passam por formação no CIAW, que prepara para funções de liderança técnica e militar.


Responsabilidades


  • Cumprir normas de segurança e saúde (NR-34/NR-30) e procedimentos da organização.

  • Planejar e supervisionar reparos e manutenções, reduzindo retrabalho e riscos.

  • Zelar pela qualidade de materiais, fornecedores e serviços contratados.

  • Gerir cronogramas e custos, sinalizando riscos e propondo soluções.

  • Documentar: relatórios, checklists, atas, registros fotográficos.

  • Comunicar de forma clara com times técnicos e lideranças.

  • Tratar incidentes com transparência, priorizando segurança.

  • Respeitar o meio ambiente e regras aplicáveis (por ex., gestão de resíduos em estaleiro).

  • Manter-se atualizado em requisitos técnicos e regulatórios.

  • Na carreira militar: seguir regulamentos e valores da força, atuando com disciplina e ética.


Essas responsabilidades garantem confiabilidade, rastreabilidade e segurança — chaves em qualquer operação naval.


Áreas de atuação


  • Estaleiros (construção e reparo de navios e embarcações de apoio).

  • Empresas de navegação (frota de cabotagem, apoio portuário, rebocadores, balsas).

  • Logística de combustíveis (cadeia Transpetro/Petrobras; gaseiros, produtos, barcaças).

  • Portos e terminais (projetos, manutenção de ativos, dragagem, infraestrutura).

  • Óleo & gás/offshore (apoio marítimo, manutenção, integração de sistemas).

  • Marinha do Brasil (CEM) — arsenais, centros de projetos, bases e infraestrutura.


Além do “core” naval, também há vagas em consultoriassociedades classificadoras, fornecedores de mecânica/automação e órgãos públicos ligados a portos e transporte aquaviário.


Como se tornar um


Trilha 1 — Oficial Engenheiro (Marinha do Brasil)

  • Graduação em Engenharia (conforme áreas listadas no edital do CP-CEM).

  • Concurso público: prova de conhecimentos profissionais (objetiva e discursiva), redação/tradução, etapas de inspeção de saúde, testes físicos e verificação de dados.

  • Curso de Formação de Oficiais no CIAW/RJ (aprox. 31 semanas), com disciplinas militares e liderança. Ao final, o aprovado segue para organizações da Marinha conforme necessidade do serviço.


Trilha 2 — Engenheiro Naval (setor civil)

  • Graduação em Engenharia Naval e Oceânica (ex.: UFRJ e outras universidades).

  • Registro no CREA/Confea para poder assinar tecnicamente.

  • Estágios em estaleiros, empresas de navegação, portos, fornecedores e consultorias.

  • Certificações e cursos curtos em temas como segurança, inspeção, manutenção e gestão.


Dicas práticas: escolha uma universidade com laboratórios e vínculos com o setor, faça estágios o quanto antes e invista em inglês técnico (muitas especificações e manuais são em inglês).


Habilidades necessárias para a profissão


Mais do que fórmulas complicadas, o mercado valoriza postura e consistência:

  • Organização e planejamento (cronograma, escopo, prioridade).

  • Comunicação clara (explicar problema e solução para não especialistas).

  • Trabalho em equipe (operadores, fornecedores, oficiais, inspetores).

  • Atenção à segurança (aplicação de NR-34 e NR-30 no dia a dia).

  • Leitura de documentos técnicos (especificações, desenhos, manuais).

  • Análise de riscos e tomada de decisão com dados.

  • Flexibilidade para rotina mista (bordo/estaleiro → escritório).

  • Inglês técnico (contratos, catálogos, comunicação com fornecedores).


Salário médio


Carreira civil (Engenheiro Naval)Dados oficiais compilados pelo Salario.com.br (CAGED/eSocial) indicam média nacional de R$ 12.873,92/mês para Engenheiro Naval (CBO 2144-30), com piso em R$ 12.522,32 e teto em R$ 21.998,40 (atualizado em 06/08/2025). Há variações por estado, porte da empresa e senioridade; a mesma fonte mostra médias por nível (Júnior, Pleno, Sênior) e por porte. Plataformas como Glassdoor reúnem autorrelatos que ajudam a comparar propostas por cidade e nível, mas com metodologia diferente (não oficial).


Carreira militar (Oficial Engenheiro do CEM)remuneração militar é composta por soldo e adicionais (de acordo com posto e condições). Em abril/2025, passou a vigorar reajuste definido pela MP 1.293/2025, depois convertida na Lei 15.167/2025. A Marinha publica anexos com soldo e parcelas por posto/graduação. Durante o Curso de Formação no CIAW, o aluno (Guarda-Marinha) já recebe soldo e tem alojamento na unidade; a própria Marinha divulga que o valor gira em torno de cerca de R$ 6 mil (sem contar adicionais), podendo variar conforme norma vigente. Depois da nomeação, a remuneração aumenta conforme o posto (2º Tenente, 1º Tenente, Capitão-Tenente, etc.). Consulte a tabela oficial mais recente para valores exatos.


Local e ambiente de trabalho


O Engenheiro da Marinha transita por ambientes variados:

  • Estaleiros/diques: obra pesada, barulho, solda, pintura, testes. Aqui a NR-34 define requisitos de segurança (organização do canteiro, ventilação, combate a incêndio, trabalho a quente, espaços confinados etc.).

  • A bordo: rotinas em navios, rebocadores, balsas ou gaseiros; a NR-30 dá diretrizes de segurança e saúde para o trabalho aquaviário.

  • Portos e terminais: interface com operações de carga, manutenção de equipamentos e infraestrutura.

  • Organizações militares (na trilha CEM): arsenais, centros de projetos, bases e diretorias, com disciplina e protocolos militares.


Na prática, o dia alterna campo (inspeções, reuniões com fornecedores, liberação de etapas) e escritório (cronograma, custos, contratação, laudos). A rotina pede EPIprocedimentos clarosregistros e comunicação direta com múltiplos times.


Mercado de trabalho


1) Sinais de retomada da indústria navalApós anos difíceis, surgiram novas encomendas e licitações. Em 2024/2025, a Transpetro retomou processos para navios de produtos e anunciou licitação para 8 navios gaseiros (GLP/amônia); houve também negociações concluídas para quatro navios de apoio costeiro construídos no Brasil. Em agosto de 2025, a Reuters noticiou a reformulação de edital de barcaças e empurradores, ampliando o lote para atrair mais estaleiros — um indicador de pipeline para quem trabalha com construção e reparo. Esses movimentos são relevantes porque ativam cadeias locais (estaleiros, fornecedores, serviços) e pedem engenheiros tanto no escritório quanto no piso de fábrica.


2) Políticas públicas e fundos setoriaisLei 14.301/2022 (BR do Mar) foi desenhada para aumentar a oferta de cabotagem, melhorar competitividade e estimular a indústria naval de apoio à cabotagem. Além disso, o Fundo da Marinha Mercante (FMM) registrou liberações bilionárias em 2024 e novos aportes aprovados em 2025, segundo o SINAVAL, apontando para um ciclo de investimentos com efeito direto sobre estaleiros e fornecedores — especialmente no Sudeste (com destaque para o Rio de Janeiro, onde está boa parte dos grandes estaleiros). Para quem está começando, isso significa oportunidades em manutenção e modernização de frota, reparos e novas construções.


3) Onde surgem as vagas

  • Estaleiros: planejamento, qualidade, segurança, comissionamento.

  • Empresas de navegação: engenharia de manutenção e docagens programadas.

  • Portos/terminais: projetos de infraestrutura, integridade de ativos.

  • Cadeia de óleo & gás: apoio marítimo, integração, reparos offshore.

  • Marinha do Brasil (CEM): funções técnicas e de gestão em arsenais e centros.


4) Tendências de curto prazo

  • Digitalização de manutenção (dados de bordo, relatórios móveis, gestão de ativos).

  • Transição energética e novos combustíveis (gases e misturas, exigindo infraestrutura específica nos terminais — horizonte de médio prazo).

  • Segurança e compliance como critério de contratação (aplicação prática de NR-34/NR-30, licenças e auditorias).


5) Formação e empregabilidadeO caminho mais sólido é estágio cedoinglês técnico e registro no CREA (para a trilha civil). Quem mira a carreira militar precisa acompanhar o edital do CEM, treinar a prova específica e estar apto às etapas físicas e médicas. A UFRJ(e outras universidades) sinalizam boa integração com o setor produtivo por meio de laboratórios e projetos — diferencial para inserção mais rápida.


Resumo realista: o mercado não é gigantesco, mas está em retomada, com janelas de oportunidade em reparos, manutenção, gaseiros e cabotagem. Perfis que unem segurançaorganização e comunicação tendem a se destacar.


Perguntas frequentes sobre a profissão


Preciso de qual graduação? Para a trilha civilEngenharia Naval e Oceânica (ou áreas afins, conforme vaga). Para a trilha militar, o edital do CP-CEM lista as engenharias aceitas para cada concurso do ano.


Para trabalhar assinando tecnicamente, preciso de CREA? Sim. Engenheiros no Brasil só podem exercer legalmente com registro no CREA, homologado pelo Confea.


Como é o curso de formação na Marinha? Aprovado no concurso, você faz o Curso de Formação de Oficiais no CIAW/RJ (cerca de 31 semanas), com conteúdo militar-naval e liderança. Durante o curso, o aluno recebe soldo de Guarda-Marinha e alojamento.


O mercado está aquecido? Há novas licitações e encomendas (navios de produtos, gaseiros, barcaças e empurradores) e investimentos do FMM, com destaque para o RJ. É uma retomada, não um boom — então estágio, inglês e segurança fazem diferença.


Trabalha-se embarcado? Depende da vaga. Em estaleiro e porto, a rotina é em terra; em empresas de navegação ou inspeções, pode haver períodos a bordo. Em todos os casos, valem as normas NR-34 e NR-30 de segurança.


Links e vídeos úteis


  • Concurso do Corpo de Engenheiros da Marinha (CP-CEM) — site oficial (requisitos e etapas). (Marinha do Brasil)

  • Edital CP-CEM 2025 (PDF) — regras e cronograma do concurso. (inscricao.marinha.mil.br)

  • CIAW (Centro de Instrução Almirante Wandenkolk) — página institucional e notícias. (Marinha do Brasil)

  • Engenharia Naval e Oceânica (exemplo: UFRJ) — cursos e integração com o setor. (Oceanica UFRJ)

  • Registro profissional no CREA/Confea — como obter e por que é obrigatório. (Confea)

  • NR-34 (Construção e reparo naval) — versão oficial (PDF). (Acesso MTE)

  • NR-30 (Trabalho aquaviário) — versão oficial (PDF). (Serviços e Informações do Brasil)

  • BR do Mar (Lei 14.301/2022) — objetivos para a cabotagem. (Planalto)

  • Transpetro – licitação de navios gaseiros (2025) — comunicado oficial. (Transpetro)

  • Salário — Engenheiro Naval (CBO 2144-30) — dados 2025 (Salario.com.br). (Portal Salario)

  • Reajuste dos soldos (MP 1.293/2025 → Lei 15.167/2025) — bases legais. (Planalto)

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