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Escritor

Se você ama histórias, é curioso por tudo, vive anotando ideias no caderno e tem prazer em lapidar palavras até “ficar redondinho”, a carreira de escritor pode ser a sua praia. Escrever é dar forma a pensamentos e emoções para que cheguem claros, interessantes e úteis a outras pessoas — seja num conto, numa crônica, numa HQ, num livro infantil, num roteiro, numa newsletter, numa matéria ou num livro didático. É uma profissão criativa, mas também disciplinada e prática: você pesquisa, estrutura, escreve, reescreve, recebe feedback, corta excessos, negocia prazos e aprende a apresentar seu trabalho para editoras, marcas e leitores.


O mercado brasileiro de livros segue vivo e em transformação. Em 2024, as editoras cresceram 3,7% nominalmente nas vendas ao mercado (o equivalente a R$ 4,2 bilhões); descontando a inflação do período (IPCA de 4,83%), houve queda real de 1,1%. Por outro lado, o conteúdo digital das editoras (e-books, bibliotecas virtuais etc.) subiu 21,6% nominalmente e já respondeu por 9% do faturamento total — um empurrão importante para quem escreve também para o digital.


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O que é um escritor


No Brasil, “escritor” é parte da família ocupacional “Profissionais da escrita” (CBO 2615), que inclui ficção, não ficção, poeta, autor-roteirista, redator de textos técnicos, entre outros. Em linguagem simples, escritor é quem cria textos originais para publicação, representação (teatro, cinema, TV) ou outras formas de veiculação. O foco não é só “ter inspiração”: você apresenta projetos, pesquisa fontes, organiza ideias, escolhe o melhor formato e revisa até a versão final que chega ao público.


Essa atuação pode acontecer com editora (contrato de edição, adiantamento e direitos autorais), por autopublicação (você assume as etapas com serviços terceirizados e plataformas) ou como prestador de serviços (roteiros, conteúdos, livros encomendados, ghostwriting). Em todos os casos, o trabalho envolve criar, lapidar e entregar um texto que faça sentido para um leitor específico — e dentro do que foi combinado.


O que faz


  • Observa o mundo e capta temas (repertório é combustível).

  • Pesquisa pessoas, lugares, dados e referências.

  • Planeja a estrutura (sinopse, sumário, cenas, capítulos).

  • Escreve rascunhos e versões de um texto.

  • Revisa e edita (corta, reorganiza, melhora clareza e ritmo).

  • Pede e incorpora feedback de leitores críticos, editores ou clientes.

  • Cuida de prazos e versões (organização é parte do ofício).

  • Apresenta projetos (propostas para editora, produtoras, concursos, marcas).

  • Negocia contratos básicos (escopo, prazos, direitos, pagamentos).

  • Divulga a obra (sinopse, press kit, lançamentos, redes).

  • Aprende formatos diferentes (conto, crônica, infantil, roteiro, não ficção).

  • Participa do circuito (feiras, clubes de leitura, oficinas, festivais).


No dia a dia, escrever é processo. Você alterna momentos de criação (silêncio, foco) com fases de ajuste fino (revisão, cortes) e trocas (editar com alguém, explicar a proposta). Em livros, a parceria com editor e revisor é essencial; em roteiro, entra a dinâmica de sala de escritores e prazos de produção. Quanto mais você pratica e se organiza, mais previsível fica transformar ideias em páginas.


Responsabilidades


  • Entregar o combinado (tema, formato, prazo).

  • Checar informações e citar fontes com honestidade (especialmente em não ficção).

  • Respeitar direitos autorais de outras pessoas (nada de copiar).

  • Guardar versões e referências (backup e organização).

  • Comunicar-se com clareza com editor/cliente.

  • Aceitar e negociar feedbacks de forma profissional.

  • Proteger dados pessoais quando necessário.

  • Zelar por inclusão e respeito (linguagem responsável).

  • Aprender continuamente (leitura, oficinas, grupos de estudo).

  • Cuidar da própria saúde (rotina, pausas, ergonomia).

  • Planejar a divulgação de maneira ética e transparente.

  • Prestar contas do processo quando o projeto envolve edital ou patrocínio.


Escrever é também assumir compromissos. Mesmo em obras autorais, há responsabilidades com leitoresparceiros e leis (direitos autorais e depósito legal, por exemplo). Isso não tira liberdade criativa — só ajuda a profissionalizar o ofício.


Áreas de atuação


  • Ficção (contos, romances, fantasia, suspense, YA, HQs).

  • Não ficção (biografias, memórias, ensaios, reportagens, livros de interesse geral).

  • Infantil e juvenil (literatura para crianças e adolescentes).

  • Didáticos e educacionais (livros e materiais de aprendizagem).

  • Roteiros (cinema, TV/streaming, games, podcasts, docs).

  • Conteúdo digital (newsletters, blogs, branded content, storytelling para marcas).

  • Poemas e letras (poesia, música).


Cada nicho tem ritmo e regras. Didáticos seguem calendários do setor educacional; ficção costuma passar por originais → leitura crítica → edição; roteiro trabalha com versões rápidas e colaboração intensa; no digital, o foco é clareza e consistência com a marca. O CBO mapeia essas variantes sob “profissionais da escrita”, o que ajuda a entender caminhos possíveis de carreira.


Como se tornar um


Você pode começar ainda no ensino médio. Três passos valem ouro:

  1. Leia variado (clássicos e contemporâneos, ficção e não ficção). A leitura alimenta vocabulário, ritmo e repertório de temas.

  2. Escreva em ciclos curtos: microcontos, crônicas quinzenais, resenhas, fanfics, poemas. Publique em um blog, Wattpad, Medium, newsletter ou zine da escola.

  3. Peça feedback (colegas, professor, clube de leitura) e reescreva.


Com o tempo, monte um portfólio com 4–6 textos (link + 2 linhas explicando objetivo e público). Se quiser publicar um livro:

  • Via editora: você submete original conforme as diretrizes de cada casa (normalmente sinopse + amostra + apresentação).

  • Autopublicação: você coordena capa, revisão, diagramação e ISBN (o “RG” do livro). Desde 2020, a Câmara Brasileira do Livro (CBL) é a Agência Brasileira do ISBN — é por lá que você emite o número.


Depois de impresso (ou lançado em e-book), existe a regra do Depósito Legal: enviar exemplares à Biblioteca Nacionalpara compor a memória bibliográfica do país (isso vale para publicações produzidas no Brasil). Não é “bicho de sete cabeças”, mas é lei — e o site da BN explica como fazer. 


Dica final: participe de oficinas, prêmios e feiras (muitas são gratuitas ou oferecem bolsas). E lembre: disciplina ganha da inspiração no longo prazo — rotina simples (páginas por dia/semana) funciona.


Habilidades necessárias para a profissão


Antes de tudo, gente + processo:


  • Leitura ativa (perceber escolhas do autor e aprender com elas).

  • Organização (agenda, pastas, versões, bibliografia).

  • Pesquisa (saber onde e como checar informação).

  • Clareza e ritmo (frases que fluem).

  • Revisão e reescrita (apego ao texto é bom, mas tesoura é essencial).

  • Escuta e humildade (feedbacks ajudam a crescer).

  • Persistência (recusa faz parte; constância vence).

  • Noção básica de contratos/direitos (o suficiente para não cair em ciladas).


Todas são treináveis: pratique, registre aprendizados e crie um sistema pessoal (rotina + ferramentas) que funcione para você.


Salário médio


A renda de quem escreve muda muito conforme nicho, modelo de trabalho (CLT, PJ, por projeto) e etapa da carreira. Nem sempre existem muitos vínculos formais para “escritor de ficção” no CAGED — o próprio Portal Salario mostra períodos sem registros para esse CBO, o que é comum porque muita gente atua como autônoma ou por contrato de edição.

Para uma referência oficial próxima ao ofício, o Autor-roteirista (CBO 2615-05) — quem escreve roteiros para audiovisual — tem média de R$ 5.644/mês, com piso de R$ 5.489,89 e teto de R$ 15.084,23 (atualização: 06 de agosto de 2025, base CAGED). É um recorte do universo de escritores e ajuda a ter ordem de grandeza em contratos CLT.


Já em plataformas de mercado reportadas por usuários, cargos como escritor e redator aparecem com médias ao redor de R$ 2,6 mil a R$ 3,6 mil/mês (varia por cidade e empresa). Use essas fontes só como sinal e sempre compare com a realidade do seu nicho.

Lembre: escritor autoral normalmente recebe adiantamento + royalties (percentual sobre vendas) ou valor por projeto (no caso de serviços/ghostwriting/roteiro), então renda mensal pode oscilar.


Local e ambiente de trabalho


O escritor trabalha onde dá para focar: em casa (home office), bibliotecas, cafés, coworkings — e, quando o projeto pede, em campo (entrevistas, visitas, imersões). Em livros, você convive com editorrevisordesigner e equipe de marketing. Em roteiro, há a sala de escritores, com encontros presenciais ou on-line, metas semanais e leitura de versões. Em conteúdo digital, a rotina é parecida com redação/marketing: pautas, calendário e métricas simples.


O dia a dia mistura silêncio para escrever com reuniões curtas para alinhar escopo, cronograma e revisões. Organização de prazos e arquivos (nomes de versão, backup) é chave para evitar estresse. Também vale cuidar da saúde: pausas para descanso, alongamentos, ergonomia, dormir bem. Em lançamentos, entram momentos “para fora”: clubes de leitura, eventos, feiras e entrevistas.


Mercado de trabalho


O mercado editorial brasileiro é diverso e passa por mudanças interessantes:


1) Panorama do livro — Em 2024, as editoras registraram 3,7% de crescimento nominal nas vendas ao mercado, chegando a R$ 4,2 bilhões. O desempenho real foi –1,1% por causa da inflação, mas com três subsetores em alta nominal (Obras Gerais +9,2%, Religiosos +8,7% e CTP +3,3%; Didáticos –5,1%). A pesquisa também trouxe um recorte por gêneroNão ficção adulto liderou em faturamento (28,5%), enquanto Religiosos dominaram em exemplares vendidos (29,5%). Em 2024, o setor produziu 44 mil títulos (23% lançamentos) e 366 milhões de exemplares.


2) Digital em alta — A venda de conteúdo digital pelas editoras cresceu 21,6% nominalmente em 2024, puxada por bibliotecas virtuais (alta de 47,6%), e virou 9% do faturamento editorial (impresso+digital). Para quem escreve, isso abre caminho para e-bookscapítulos sob demandalicenças para plataformas e novas vitrines.


3) Audiolivros e formatos sonoros — O formato audiobook vem acelerando no Brasil, com reportagens setoriais destacando a arrancada no fim de 2024 e interesse crescente de editoras e plataformas. Isso cria demanda por adaptações de texto para escuta, roteiros de podcasts narrativos e livros em áudio.


4) Autopublicação — Publicar por conta própria cresceu e ganhou ferramentas melhores (distribuição, impressão sob demanda, plataformas). Ainda há desafios de medição do tamanho real do segmento, mas o movimento é consistente e dá autonomia a quem está começando. Para esse caminho, entender ISBNrevisãoprojeto gráfico e divulgação é vital.


5) Hábitos de leitura — Levantamentos recentes como Retratos da Leitura no Brasil (6ª ed.) ajudam a enxergar quem lê o quê, por região e faixa etária, e mostram espaço para não ficçãoinfantil e juvenil e digital. Esses dados orientam tema, linguagem e preço — ótimos para planejar projetos.


6) Para além do livro — Escritores também atuam em roteiros (séries, filmes, docs), games narrativosconteúdo de marca e educação (materiais pedagógicos). O audiovisual e o digital vivem de histórias bem contadas: quem domina estrutura, personagens e ritmo encontra oportunidades em salas de roteiroestúdios e agências.


O que isso tudo significa para você?


  • Comece pequeno e frequente (textos curtos, prazos curtos).

  • Use o digital como laboratório: newsletters, plataformas de leitura e concursos.

  • Monte portfólio mostrando problema → solução → resultado (ex.: “contei X história para Y público; recebi Z feedbacks/leituras”).

  • Aprenda o básico de negócios (ISBN, contrato, depósito legal, divulgação).

  • Acompanhe dados do setor (CBL/SNEL) para ajustar sua estratégia (tema, timing, canais).


Em resumo: o mercado tem concorrência, mas também muitas portas. Quem escreve com clareza, entende o leitor e sabe terminar projetos constrói caminho — às vezes devagar, sempre em movimento.


Perguntas frequentes sobre a profissão


1) Preciso de faculdade para ser escritor? Não é obrigatório. Cursos ajudam (Letras, Jornalismo, Cinema, Comunicação), mas o essencial é ler muito, escrever sempre e finalizar projetos.


2) Como consigo ISBN? ISBN é emitido pela CBL (Agência Brasileira do ISBN). Você cria cadastro e solicita o número para sua obra (impresso ou e-book).


3) O que é Depósito Legal? É a obrigatoriedade de enviar pelo menos um exemplar da sua publicação para a Biblioteca Nacional até 30 dias após a publicação, ajudando a preservar a memória bibliográfica do país.


4) Dá para viver de escrita? Sim, mas costuma ser por portfólio de fontes de renda (livros + serviços: roteiro, conteúdo, oficinas, palestras). Tenha planejamento e metas realistas.


5) Preciso registrar minha obra para ter direitos autorais? No Brasil, o direito nasce com a criação; registrar ajuda a provar autoria. Estude o básico da Lei 9.610/98 e guarde rascunhos/arquivos.


Links e vídeos úteis


1 comentário


e1980494
26 de nov.

quero muito e ja comesei

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