top of page

Legista

Se você gosta de investigar, tem curiosidade científica e quer usar a Medicina para esclarecer a verdade em situações delicadas, a carreira de médico legista pode ser para você. Esse profissional atua na interface entre saúde e justiça, ajudando a explicar o que aconteceu em casos de violência, acidentes, mortes suspeitas e outras situações que chegam à polícia e aos tribunais. É um trabalho que exige rigorempatia e equilíbrio emocional: o legista atende tanto pessoas vivas (exames de lesões, violência sexual, embriaguez, entre outros) quanto investiga óbitos quando há indícios de causa não natural.


No Brasil, o legista costuma trabalhar nos Institutos Médicos Legais (IML), que fazem parte da Polícia Científica ou da Polícia Civil dos estados. É uma ocupação oficialmente reconhecida pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO 2251-06), com atuação voltada à perícia médico-legal e emissão de laudos técnicos. Também é uma especialidade médica reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) – “Medicina Legal e Perícia Médica” –, com diretrizes atualizadas em 2025.


ree

O que é um legista


médico legista é um perito oficial que usa conhecimentos de Medicina para investigar fatos de interesse da justiça. Na prática, analisa vestígios (marcas no corpo, sinais de doença ou violência, alterações em órgãos) e documentos de saúde para responder perguntas como: houve agressão? houve violência sexual? qual foi a causa da morte? quanto tempo se passou? Essas respostas vão para um laudo técnico, que ajuda a polícia e o Judiciário a tomarem decisões. É um trabalho técnico e imparcial, previsto no Código de Processo Penal: exames de corpo de delito e outras perícias são feitos por perito oficial, com diploma de nível superior.


Apesar de muita gente associar o IML só à “autópsia”, o escopo é bem mais amplo. O legista realiza exames em vivos(por exemplo, avaliação de lesões em brigas, violência doméstica, acidentes de trânsito, constatação de violência sexual) e exames em falecidos quando há suspeita de causa externa (homicídio, suicídio, acidente). Os IMLs têm papel essencial na coleta de evidências e na elaboração de laudos que sustentam investigações.


O que faz


  • Exame de corpo de delito em pessoas vivas (lesões corporais).

  • Avaliação em casos de violência sexual, com coleta de vestígios.

  • Exames de embriaguez/alteração por substâncias quando requisitado pela autoridade policial.

  • Necropsias (autópsias) para esclarecer a causa e a maneira da morte em casos suspeitos.

  • Análises complementares: solicitar exames toxicológicos, radiológicos e laboratoriais.

  • Identificação humana em apoio a equipes especializadas (quando aplicável).

  • Exames de idade biológica e outros procedimentos periciais específicos.

  • Emissão de laudos e pareceres claros e objetivos.

  • Atendimento a vítimas com acolhimento e respeito, seguindo cadeia de custódia.

  • Trabalho integrado com delegacias, peritos criminais, papiloscopistas e Ministério Público.


No cotidiano, o legista alterna plantões no IML, atendimentos a pessoas que chegam por requisição da delegacia e deslocamentos para locais de morte quando necessário. Em muitos estados, os exames só são feitos após registro na Delegacia, que emite a requisição oficial. O foco é analisar evidências com método, registrar tudo e produzir um laudo imparcial — peça central no processo.


Responsabilidades


  • Atuar com imparcialidade e base científica.

  • Seguir normas legais e éticas da especialidade.

  • Garantir a integridade dos vestígios (cadeia de custódia).

  • Proteger o sigilo e a dignidade de vítimas e familiares.

  • Emitir laudos claros e dentro do prazo.

  • Usar EPIs e boas práticas de biossegurança.

  • Comunicar-se com equipes (delegados, peritos, promotores) de forma objetiva.

  • Atualizar-se em protocolos e capacitações.

  • Respeitar procedimentos do IML e fluxos com SVO quando cabível.

  • Cuidar da própria saúde mental e buscar suporte quando necessário (trabalho sensível).


Essas responsabilidades existem porque a perícia impacta decisões de justiça. O CPP exige peritos oficiais e laudos bem fundamentados; o CFM orienta o exercício ético na especialidade; e os manuais de biossegurança reforçam cuidado com riscos biológicos.


Áreas de atuação


  • Institutos Médicos Legais (IML) das Polícias Científicas/Polícias Civis estaduais.

  • Unidades de Polícia Científica no interior e capitais (postos e núcleos regionais).

  • Perícia em vivos (lesões, violência sexual, custodiados) nos IMLs/postos.

  • Parcerias com órgãos do Judiciário (ex.: violência doméstica e sexual).

  • Atuação acadêmica e formativa (cursos, treinamentos, pesquisa aplicada).

Cada estado organiza seus IMLs e postos conforme a demanda. Em paralelo, existe o SVO (Serviço de Verificação de Óbitos), ligado à saúde, que investiga mortes naturais mal definidas (sem violência) – não é função do IML. Saber essa diferença ajuda a entender quem atende o quê.


Como se tornar um


Caminho típico, pensado para quem está no ensino médio:

  1. Formação básica: capriche em Biologia (corpo humano), Química (noções de laboratório) e Redação (clareza para explicar). Exercite resiliência e trabalho em equipe em projetos da escola.

  2. Graduação em Medicina (6 anos) numa instituição reconhecida. Depois, registro no CRM do seu estado para poder exercer a profissão.

  3. Concurso público: para atuar como perito médico-legista, a porta de entrada costuma ser o concurso da Polícia Científica/Polícia Civil. Os editais exigem diploma em Medicina e CRM. Exemplos: concursos recentes/previstos em Pernambuco (Polícia Científica – Politec) e Rio de Janeiro (PCERJ).

  4. Curso de formação: após passar no concurso, há formação específica e estágio supervisionado, com rotinas de perícia, biossegurança, cadeia de custódia e escrita de laudos. (Os detalhes variam por estado.)

  5. Especialização (opcional, mas valiosa): a área “Medicina Legal e Perícia Médica” é especialidade reconhecidapelo CFM/AMB; você pode buscar residência ou título de especialista para aprofundar sua atuação. As normas foram atualizadas em 2025.


Dica prática: enquanto estuda Medicina, procure ligas acadêmicas de Medicina Legal e oportunidades de monitoria/pesquisa. Construir repertório de escrita técnica ajuda muito na hora de elaborar laudos.


Habilidades necessárias para a profissão


Antes de tecnologias e equipamentos, vem a postura do legista. Você vai desenvolver:

  • Observação clínica apurada (ver detalhes que contam a história).

  • Comunicação clara (traduzir achados em laudos objetivos).

  • Raciocínio lógico (pergunta → método → conclusão).

  • Equilíbrio emocional (lidar com cenas difíceis e acolher vítimas/familiares).

  • Trabalho em equipe (com delegacias, peritos, papiloscopistas).

  • Organização e responsabilidade (cadeia de custódia, prazos).

  • Ética e imparcialidade (decisão técnica, sem “achismos”).

  • Biossegurança e autocuidado (EPIs, vacinação, protocolos).


Salário médio


Como a maior parte das vagas é em órgãos públicos estaduais, a remuneração varia por estado e carreira. Em Pernambuco, por exemplo, o edital oficial da Polícia Científica (2024) fixou remuneração inicial de R$ 10.622,86 para Médico Legista, soma de vencimento-base e Gratificação de Risco de Função Policial. Em São Paulo, o site oficial da Polícia Civil informa vencimento a partir de R$ 12.954,40 para Médico Legista 3ª Classe (edital 2023, com atualizações em 2025). Já no Rio de Janeiro, publicações sobre o concurso PCERJ 2025 indicam ganhos iniciais na faixa de R$ 13,9 mil, além de auxílios. (Considere sempre o edital vigente e leis estaduais para valores exatos.)


Ou seja: há variação relevante entre estados, benefícios e carga horária, mas os editais recentes mostram patamar acima de R$ 10 mil na entrada, com progressões na carreira.


Local e ambiente de trabalho


O legista trabalha em IMLs e postos da Polícia Científica/Polícia Civil, geralmente em ambientes fechados, com salas de exame (para vivos), salas de necropsia (para óbitos), áreas de triagem e arquivo. A rotina inclui:


  • Atendimento a pessoas vivas para exames de lesões, violência sexual, embriaguez, etc. (por requisição da Delegacia).

  • Recebimento de corpos e realização de necropsias quando há suspeita de causa externa.

  • Solicitação de exames complementares (laboratório, imagem, toxicológico), conforme a necessidade.

  • Elaboração de laudos e resposta a quesitos (perguntas técnicas).


É um ambiente que exige protocolos de biossegurança (EPIs, vacinação, descarte correto de resíduos), cuidado com riscos biológicos e atenção a procedimentos. Em alguns casos, há deslocamentos para locais de morte. O trabalho é multidisciplinar, com peritos criminaispapiloscopistas e agentes de medicina legal. É comum a escala de plantões, o que pede organização do sono e do bem-estar. Quando a morte é natural sem suspeita, quem atua é o SVO (ligado à Saúde), não o IML; isso ajuda a direcionar corretamente os casos.


Mercado de trabalho


1) Demanda contínua nos estados A atividade pericial é essencial para o sistema de justiça. Por isso, há concursos periódicos para repor quadros e ampliar equipes. Em Pernambuco, o concurso da Polícia Científica abriu 60 vagas para Médico Legista em 2024, com remuneração de R$ 10,6 mil. Em São Paulo, a Polícia Civil mantém concursos para o cargo, com vencimento a partir de R$ 12,9 mil. Em 2025, o Rio de Janeiro autorizou novo concurso com vagas para Perito Legista, na faixa de R$ 13,9 mil iniciais. Esses movimentos mostram oportunidades reais para médicos interessados na área.


2) Expansão e organização da Polícia Científica Estados vêm interiorizando serviços e abrindo postos avançados para melhorar o atendimento e reduzir deslocamentos, o que cria novos locais de trabalho para legistas. Há exemplos de reestruturação e criação de sedes regionais, com integração entre IML e Criminalística.


3) Rotina além da necropsia O IML não é só autópsia: há grande volume de exames em vivos (lesões, violência sexual, custodiados, acidentes), com fluxo que começa na Delegacia e segue para o IML por requisição. Isso exige agilidadeacolhimento e comunicaçãocom as equipes.


4) Normas profissionais atualizadas especialidade “Medicina Legal e Perícia Médica” teve diretrizes atualizadas em 2025 pelo CFM, reforçando princípios éticos, direitos e deveres do perito e parâmetros de atuação. Para quem entra, formação continuada é diferencial para crescer na carreira e assumir funções de coordenação.


5) Tendências práticas

  • Laudos mais claros e objetivos, com linguagem acessível e foco nas perguntas do processo.

  • Integração com serviços de apoio à vítima, especialmente em casos de violência doméstica e sexual.

  • Digitalização de sistemas (consulta/andamento de laudos), melhorando transparência e acompanhamento.

  • Biossegurança fortalecida (aprendizados pós-pandemia), com regras atualizadas para necropsias e EPIs.


6) Onde começar e como se destacar

  • Acompanhe editais do seu estado (Polícia Científica/Polícia Civil). Ex.: Politec-PE 2024 e PCERJ 2025

  • Treine escrita técnica (resumos objetivos, respostas a quesitos).

  • Invista em biossegurança e acolhimento a vítimas/familiares.

  • Busque especialização ou título em Medicina Legal e Perícia Médica: diferencia no dia a dia e na progressão.


Resumo do cenário: o mercado é estável e necessário, com concursos regulares e demandas diversas (vivos e óbitos). Quem alia base médica sólidaéticacomunicação clara e organização encontra espaço para construir uma carreira de impacto social.


Perguntas frequentes sobre a profissão


1) Precisa ser médico para ser legista? Sim. O cargo de médico legista exige graduação em Medicina e registro no CRM, pois é um perito oficial.


2) O legista só faz autópsia? Não. O IML também realiza exames em pessoas vivas: lesões, violência sexual, exames em custodiados, entre outros — sempre por requisição policial.


3) Qual a diferença entre IML e SVO? IML atua quando há suspeita de causa externa/violenta (área da segurança pública). O SVO investiga mortes naturais mal definidas (área da saúde).


4) Como é a remuneração? Varia por estado. Exemplos: PE (R$ 10.622,86 iniciais – edital 2024), SP (a partir de R$ 12.954,40), RJ (cerca de R$ 13,9 mil previstos no concurso 2025). Consulte sempre o edital vigente.


5) Preciso de especialização? Não é obrigatória para tomar posse (depende do edital), mas a área “Medicina Legal e Perícia Médica” é especialidade reconhecida e agrega muito valor à carreira.


Links e vídeos úteis

Posts recentes

Ver tudo

Comentários


bottom of page