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Piloto

Sabe aquela combinação de ciência, responsabilidade e aventura que aparece quando o avião acelera na cabeceira e decola? Por trás desse momento inesquecível existe um profissional que treinou muito para tomar decisões seguras, liderar equipes e levar pessoas e cargas ao destino com precisão: o piloto.


No Brasil, a formação é regulada pela ANAC e segue etapas bem definidas — da licença inicial de Piloto Privado (PP) até Piloto Comercial (PC) e Piloto de Linha Aérea (PLA). Além do lado técnico, a carreira pede inglês, saúde em dia, disciplina e trabalho em equipe. Aqui você vai entender o que faz um piloto, como é o passo a passo para se tornar um, onde pode atuar, salários, rotina e as tendências do mercado (que vive um bom momento de crescimento no país). Vamos nessa?


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O que é um Piloto


Piloto é o profissional licenciado para comandar (ou co-pilotar) aeronaves em diferentes contextos: linhas aéreas regulares, táxi aéreo, aviação executiva, operações aeromédicas, aviação agrícola, helicópteros offshore e muito mais. As licenças e habilitações são padronizadas pelo RBAC 61 (regulamento da ANAC) e contemplam requisitos de idade, escolaridade, conhecimentos teóricos, horas de voo, exames de proficiência e aptidão psicofísica (o famoso CMA, o Certificado Médico Aeronáutico, definido no RBAC 67).


Para voar em ambiente internacional e/ou sob regras de voo por instrumentos (IFR) é exigida proficiência linguística em inglês avaliada pelo SDEA (Santos Dumont English Assessment).


O que faz


  • Planeja cada voo: meteorologia, rotas, combustível, alternados e performance.

  • Realiza inspeções externas (walk-around) e checagens de sistemas.

  • Cumpre procedimentos operacionais padrão (SOP), checklists e briefings.

  • Pilota a aeronave em todas as fases de voo, usando instrumentos e navegação moderna.

  • Comunica-se com o controle de tráfego aéreo (ATC) e coordena com a tripulação.

  • Monitora consumo de combustível e parâmetros de motor/aviônicos.

  • Gerencia anomalias e emergências com base em manuais e treinamento em simulador.

  • Preenche a CIV Digital e registros operacionais pós-voo.

  • Atende passageiros (quando aplicável) e reporta ocorrências à empresa/autoridade.

  • Participa de treinamentos recorrentes, verificações e exames de proficiência.

  • Aplica princípios de CRM (gestão de recursos de cabine) e SMS (gestão de segurança).


No dia a dia, o piloto alterna momentos de planejamento minucioso com decisões rápidas em ambiente dinâmico. Antes do pushback, revisa METAR/TAF, NOTAMs e desempenho de decolagem; em rota, acompanha navegação e clima; no pouso, executa procedimentos estabilizados. Em companhias aéreas, a rotina inclui simulações periódicas e cheques de proficiência previstos no RBAC 61, além do registro obrigatório de horas de voo na CIV Digital, a carteira online da ANAC.


Responsabilidades


  • Priorizar segurança operacional em todas as decisões.

  • Cumprir RBACs aplicáveis (ex.: 121, 135, 137) e políticas da empresa.

  • Respeitar limites de jornada/voo e regras de gerenciamento de fadiga (RBAC 117).

  • Manter licenças, habilitações e CMA válidos conforme prazos e requisitos.

  • Zelar pela comunicação clara com copiloto, comissários e manutenção (CRM).

  • Assegurar conformidade documental: plano de voo, diário de bordo, CIV Digital.

  • Preservar a integridade da aeronave e dos passageiros/carga.

  • Reportar incidentes e participar de programas de segurança e melhoria contínua.

  • Atualizar-se em publicações e alterações regulatórias (AIP, AIC, IS da ANAC).

  • Representar a companhia de forma ética e profissional diante de clientes e autoridades.


Essas responsabilidades combinam técnica e atitude. Por um lado, o piloto domina procedimentos e limites legais (como RBAC 117 e a Lei do Aeronauta); por outro, cultiva cultura de segurança, colaboração e aprendizado contínuo. É uma profissão altamente regulamentada — e isso é ótimo para manter o padrão de segurança da aviação.


Áreas de atuação


  • Linhas aéreas (RBAC 121) – voos regulares nacionais e internacionais.

  • Táxi aéreo (RBAC 135) – transporte sob demanda, passageiros e carga.

  • Aviação executiva – jatos e turboélices corporativos e particulares.

  • Aviação agrícola (RBAC 137) – aplicação aérea e fomento à produção rural.

  • Helicópteros – offshore, aeromédico, polícia, resgate e inspeções.

  • Instrução de voo (RBAC 61 Subparte M) – formação de novos pilotos.


A carreira é versátil: dá para começar como instrutor ou em táxi aéreo e, com horas e habilitações, migrar para linha aérea. Há também nichos em crescimento, como transporte aeromédico, carga expressa e operações offshore. Cada segmento segue regras específicas (RBAC 121/135/137), o que impacta tipo de aeronave, rotina e remuneração.


Como se tornar um


O caminho clássico no Brasil passa por três degraus:


  1. Piloto Privado (PP) – porta de entrada. Envolve curso teórico, exame teórico da ANAC e instrução prática em aeroclube/escola homologada. Para a parte prática é obrigatório ter CMA válido (normalmente 2ª classe para PP). A legislação também prevê proficiência em inglês quando necessário para o tipo de operação. Idades mínimas e demais requisitos constam no RBAC 61/67.

  2. Piloto Comercial (PC) – habilita a voar profissionalmente, exige idade mínima de 18 anos, ensino médio e experiência em voo conforme RBAC 61 (além de CMA de 1ª classe). A etapa inclui teórico específico, prática (com navegações, voo noturno, multimotor e IFR conforme a habilitação) e cheque prático.

  3. Piloto de Linha Aérea (PLA) – topo da carreira de aviões. Requer 21 anos, experiência/hours conforme RBAC 61 e aprovação em conteúdos teóricos/cheques atualizados pela ANAC. Muitos conteúdos foram alinhados a padrões da OACI e passam por revisão periódica.


Ao longo da formação, você também precisa registrar todas as horas na CIV Digital (obrigatório e verificado nos processos de licença/habilitação) e comprovar proficiência de inglês via SDEA, especialmente para voos IFR/internacionais. A ANAC mantém páginas oficiais com “Guia Prático”, requisitos por categoria, além do agendamento de exames teóricos (aplicados pela FGV em 2025, após retomada oficial).


Habilidades necessárias para a profissão


  • Tomada de decisão sob pressão e consciência situacional.

  • Raciocínio lógico e matemática básica (performance, combustível, navegação).

  • Comunicação clara (PT/EN) com ATC e tripulação.

  • Trabalho em equipe/CRM e liderança no cockpit.

  • Disciplina e gestão de risco (procedimentos, limites de fadiga, SOP).

  • Atenção a detalhes e automonitoramento de erros.

  • Adaptabilidade tecnológica (FMS, HUD, datalinks e automação).


Essas competências são desenvolvidas em cursos, simuladores e na rotina, e são cobradas em treinamentos de proficiência e políticas de segurança da empresa, alinhadas aos RBACs.


Salário médio


A remuneração de pilotos no Brasil varia por segmento (121, 135, executiva, agrícola), tipo de aeronave, senioridade (copiloto vs. comandante), região e política de cada empresa (fixo + hora de voo + diárias + benefícios). Como referência, bases públicas e de mercado mostram panoramas distintos:


  • Salario.com.br (CBO 2153-05 – Piloto de Linha Aérea Regular) traz faixas atualizadas com piso e média por estado/cidade para 2025.

  • Glassdoor aponta média nacional reportada por usuários para “Piloto de Linha Aérea” (atenção: dados autorrelatados, variam por amostra).

  • Vagas.com lista média para “Piloto” em geral (múltiplos segmentos), útil como referência ampla de mercado.

  • Dissidio.com.br compila piso e reajustes por convenções coletivas (consultar por UF/cidade).

  • Jobted mostra um recorte elevado para “Piloto de Avião”, ilustrando o teto potencial em operações bem remuneradas.


Em linhas gerais, primeiros-oficiais em 121 começam numa faixa menor e crescem com progressão para comandante; executiva e offshore podem pagar acima da média, enquanto instrução de voo e início no 135 tendem a ser mais modestos. Sempre verifique o acordo coletivo e a política da empresa ao analisar propostas.


Local e ambiente de trabalho


O ambiente do piloto é o cockpit — altamente tecnológico, pautado por procedimentos, monitoramento e comunicação constante. A rotina envolve turnos variáveis, madrugadas, pernoites e troca de fuso horário; por isso existem regras de jornada, repouso e fadiga (RBAC 117 e Lei do Aeronauta) que limitam horas de voo e trabalho para preservar a segurança.


Em cada voo, o piloto interage com comissáriosmanutençãodespacho operacional e controle de tráfego aéreo. Na escala de uma companhia aérea, os dias combinam briefings, execução do voo, debriefings e atualização de documentação (CIV Digital). Em escolas e táxi aéreo, há mais tempo de preparação solo e contato direto com clientes/alunos. Meteorologia aeronáutica, NOTAMs e publicações (AIP/AIC) fazem parte do cotidiano.


Mercado de trabalho


O cenário recente é positivo. Segundo a ANAC, o Brasil transportou 118,3 milhões de passageiros em 2024, o segundo melhor resultado da história, e manteve em 2025 sequência de meses acima de 10 milhões de viajantes em aeroportos — com demanda doméstica de maio/2025 +17,9% a/a. Essa retomada firme sustenta a demanda por tripulantes, especialmente nas grandes bases.


No panorama global, a Boeing estima a necessidade de ~674 mil novos pilotos comerciais até 2043 (dentro de quase 2,4 milhões de profissionais da aviação, somando técnicos e tripulantes), com a América Latina respondendo por cerca de 39 mil pilotos no período. Esses números reforçam que, mesmo com ciclos econômicos, a demanda estrutural permanece.

Além do crescimento de passageiros apontado pela IATA (com destaque para o avanço de +13,5% na demanda doméstica brasileira em abril/2025 vs. abril/2024), alguns vetores aquecem o mercado: expansão de malha e frota nas companhias, aumento do e-commerce (carga), regionalização do transporte e oportunidades em executiva/offshore.


Para quem inicia, instrução de vootáxi aéreo (RBAC 135) e executiva são portas de entrada clássicas para acumular horas; com experiência e inglês, cresce a chance de ingresso em 121.

Outro ponto relevante é o ambiente regulatório: a ANAC vem atualizando páginas e guias práticos (licenças, CIV Digital) e, em 2025, retomou a aplicação dos exames teóricos com a FGV após suspensão temporária, normalizando a fila de avaliações — algo que influencia diretamente quem está em formação.


Também há avanço em gestão de fadiga (RBAC 117 atualizado e materiais de apoio) e revisões em normativos de operações (RBAC 121/135/137), o que tende a modernizar rotinas e a segurança operacional.


Estratégias para empregabilidade


  • CIV Digital impecável e documentação em dia (licenças, habilitações, CMA).

  • Inglês ICAO nível 4+ (idealmente 5/6) validado no SDEA.

  • IFR + multimotor e, quando possível, experiência em glass cockpit e voo por linha aérea (MCC/jet indoctrination em centros autorizados).

  • Networking com escolas, aeroclubes, táxi aéreo e comandantes (muitos processos pedem indicações).

  • Atualização constante em regulamentos, meteorologia e tecnologia de navegação.


Com essa base e foco na segurança (SOP/CRM/SMS), o piloto se torna competitivo para vagas em diferentes segmentos — e a tendência macro de crescimento do tráfego aéreo favorece quem está chegando agora.


Perguntas frequentes sobre a profissão


Preciso cursar Ciências Aeronáuticas para ser piloto?Não é obrigatório. O essencial é cumprir RBAC 61 (PP → PC → PLA), aprovar nos exames teóricos/práticos, manter CMA válido e, quando aplicável, comprovar inglês via SDEA. A graduação pode ajudar em seleções, mas não substitui as licenças.


Qual a idade mínima?Em geral, você pode ser aluno-piloto a partir de 16 anos (com autorização do responsável) e obter PC a partir de 18 anosPLA exige 21 anos, além da experiência prevista no RBAC 61. Consulte sempre o texto vigente.


Inglês é mesmo necessário?Para operações IFR e/ou internacionais, sim. A ANAC aplica o SDEA para aferir proficiência conforme OACI/ICAO. Quanto melhor o nível (≥ 4), mais portas se abrem em 121 e no exterior.


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