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Professor de educação especial

Gosta de gente, tem paciência para explicar de outro jeito quando não deu certo da primeira vez e acredita que toda pessoa pode aprender se tiver as condições adequadas? A carreira de professor de educação especial pode ser a sua. Esse profissional atua para garantir a participação e a aprendizagem de estudantes com deficiência, transtorno do espectro autista (TEA) e altas habilidades/superdotação, sempre com foco em acessibilidade, autonomia e respeito às diferenças.


Na prática, trabalha junto com professores da turma comum, famílias e equipes da escola para ajustar estratégias, materiais e ambientes—e, quando há Atendimento Educacional Especializado (AEE), organiza esse apoio complementar de forma planejada.


No Brasil, a inclusão escolar está amparada por leis e políticas públicas recentes (como a Lei Brasileira de Inclusão – LBI) e por diretrizes do Ministério da Educação. Uma novidade importante: em 2023–2024, o MEC direcionou recursos para tecnologia assistiva e salas de recursos e publicou orientações atualizadas sobre o AEE no Programa Escola em Tempo Integral, reforçando a oferta de apoio no contraturno e durante a jornada ampliada.


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O que é um professor de educação especial


Em linguagem simples, professor de educação especial é o educador que planeja e organiza apoios para que estudantes público-alvo da educação especial participem das aulas, aprendam e convivam com seus colegas.


Classificação Brasileira de Ocupações (CBO 2392) descreve esse grupo profissional e suas especialidades (deficiência intelectual, física, visual, múltipla, entre outras). Eles atuam tanto na sala comum (em parceria com o professor regente) quanto no AEE (no contraturno), usando materiais acessíveis, recursos de comunicação e estratégias pedagógicas adequadas ao estudante, sempre alinhadas ao projeto pedagógico da escola.


Essa atuação se dá na perspectiva da educação inclusiva, prevista em diretrizes nacionais e na política pública que, desde 2008, orienta redes a organizar salas de recursos multifuncionais, formar docentes e articular escola–família–serviços de saúde e assistência quando necessário. O foco não é “separar” o estudante, mas remover barreiras para que ele aprenda junto, com os apoios de que precisa.


O que faz


  • Mapeia necessidades educacionais do estudante (com a equipe da escola e família).

  • Planeja apoios: adaptações de materiais, tempo, linguagem e organização da tarefa.

  • Organiza o AEE (quando a rede oferece), em sala de recursos multifuncionais.

  • Produz e seleciona recursos acessíveis (letras ampliadas, comunicação alternativa, etc.).

  • Acompanha a aprendizagem na sala comum, em parceria com o regente.

  • Orienta famílias sobre rotinas de estudo e uso de recursos em casa.

  • Registra evoluções e combina próximos passos com a equipe.

  • Forma professores e funcionários em práticas inclusivas do dia a dia.

  • Articula serviços da rede (saúde, assistência) quando necessário.

  • Cuida da acessibilidade do ambiente pedagógico (sinalização, organização, circulação).

  • Promove convivência e respeito às diferenças na escola.

  • Participa do PPP (projeto pedagógico), garantindo que a inclusão esteja nele.


No cotidiano, esse professor alterna momentos na sala comum (combinando jeitos de explicar, organizar grupos, avaliar) e momentos no AEE (planejando e ensinando o uso de recursos de acessibilidade e tecnologias assistivas). Existem documentos oficiais que orientam esse trabalho, como as Diretrizes Nacionais de Educação Especial e materiais do MEC para salas de recursos. Eles reforçam que o AEE complementa e não substitui o ensino da sala comum.


Responsabilidades


  • Respeitar a legislação de inclusão e os direitos do estudante.

  • Planejar apoios pedagógicos em parceria com o professor da turma.

  • Organizar o AEE (quando houver), com objetivos claros e registros simples.

  • Produzir/adaptar materiais de acordo com o perfil do estudante.

  • Acompanhar avaliações (o que avaliar, como e quando).

  • Registrar e comunicar avanços e desafios à equipe e à família.

  • Zelar pela acessibilidade (comunicação, circulação, mobiliário, informação).

  • Promover cultura inclusiva (combinar regras de convivência e respeito).

  • Articular serviços externos quando cabível (saúde, assistência, proteção).

  • Participar de formação continuada e incentivar a da equipe.

  • Proteger dados (prontuário escolar e informações pessoais, com ética).

  • Atuar com empatia e expectativa alta de aprendizagem para todos.


Essas responsabilidades existem porque a inclusão é um direito e porque a escola precisa de procedimentos claros para que os apoios cheguem a quem precisa. A LBI define acessibilidade, comunicação e “adaptações razoáveis”, e o MEC orienta as redes a fortalecer o AEE e a formação de professores, inclusive no contexto do tempo integral. Na prática, isso vira rotinas simples: combinar objetivos, ajustar o material, avaliar de forma justa e celebrar avanços.


Áreas de atuação


  • Escolas públicas municipais e estaduais (educação infantil, fundamental e médio).

  • Rede privada (escolas e instituições especializadas).

  • Salas de recursos multifuncionais (AEE) nas escolas regulares.

  • Centros de apoio à inclusão de secretarias de educação.

  • Programas e projetos de formação de professores e acessibilidade.

  • Organizações sociais ligadas à educação inclusiva.


Cada rede tem seu jeito de organizar. Na pública, o professor pode atuar na turma e/ou no AEE do contraturno. Muitas redes investiram em salas de recursos e tecnologia assistiva nos últimos anos, com orientação do MEC. Em cidades maiores, há também equipes itinerantes que apoiam várias escolas. No setor privado, a atuação depende do projeto pedagógico e pode incluir parceria com terapeutas, sempre respeitando a função da escola e a coordenação pedagógica.


Como se tornar um


Ainda no ensino médio, dá para começar a construir base: estude Português (clareza de comunicação), Biologia (noções sobre desenvolvimento humano), Sociologia/Filozofia (ética e direitos), pratique projetos de monitoria e mediação de conflitos. Quem segue a carreira geralmente cursa uma licenciatura (Pedagogia ou outra área da Educação Básica) e, depois, faz especialização voltada à educação especial e/ou AEE.


As Diretrizes do MEC indicam que, para atuar no AEE, o professor precisa de formação para a docência e formação específica em educação especial (inicial ou continuada). O país dispõe de políticas de formação—como o portal Mais Professores, que reúne cursos de especialização e outras oportunidades gratuitas para docentes da rede pública. Além disso, o Decreto 5.626/2005 incentiva a presença de Libras na formação docente e a oferta de pós-graduação para qualificar professores nessa área. Isso tudo ajuda a compor um repertório inclusivo, prático e atualizado.


Caminhos práticos: (1) escolha sua licenciatura; (2) busque estágios/monitorias em escolas inclusivas; (3) faça especialização em Educação Especial/AEE ou cursos de acessibilidade e Libras; (4) participe de formações continuadas da sua rede; (5) monte um portfólio com planos de aula acessíveis e exemplos de adaptações bem-sucedidas.


Habilidades necessárias para a profissão


Antes de qualquer ferramenta, vem gente + atitude inclusiva. Você vai desenvolver:

  • Escuta ativa (entender como o estudante aprende melhor).

  • Comunicação simples (explicar de jeitos diferentes).

  • Planejamento com metas claras e passos curtos.

  • Criatividade para adaptar materiais e avaliações.

  • Trabalho em equipe (parceria com professores, AEE, gestão e família).

  • Organização e registro (acompanhar avanços e combinar próximos passos).

  • Empatia e respeito à diversidade (linguagens, ritmos, culturas).

  • Resiliência (ajustar a rota sem perder o foco).

  • Curiosidade profissional (formação continuada sempre).


Salário médio


Os valores variam bastante conforme rede (pública/privada), estado/município, carga horária (20h, 30h, 40h) e carreira. Na rede pública, uma referência nacional é o Piso Salarial do Magistério, que em 2025 foi divulgado pelo MEC em R$ 4.867,77 para 40 horas semanais—cada estado e município regulamenta o pagamento conforme sua legislação e planos de carreira.


No regime CLT, pesquisas salariais por CBO mostram médias em torno de R$ 3,1 mil a R$ 3,3 mil para funções da família “Professores de educação especial” (ex.: CBO 2392-25 e 2392-20), considerando apenas o salário-base, sem adicionais. Essas páginas também trazem pisomediana e teto observados na amostra. Use como sinal de mercado e compare com sua região e jornada.


Plataformas de relatos de profissionais podem exibir números diferentes (amostras menores), mas ajudam a ter noção de variações por cidade/instituição.


Local e ambiente de trabalho


Você pode trabalhar em escolas (públicas e privadas), salas de recursos multifuncionaiscentros de apoio pedagógicoe, em redes maiores, em equipes itinerantes. A rotina mistura:


  • Na sala comum: combinar com o regente objetivos e estratégias; observar o estudante em atividade; sugerir ajustes de explicação, agrupamentos e recursos.

  • No AEE (quando houver): planejar apoios específicos (comunicação alternativa, organização de rotina, uso de tecnologia assistiva), registrar evolução e combinar como isso “volta” para a sala comum.

  • Com a família/gestão: encontros rápidos para alinhar informações, celebrar avanços e ajustar o plano.


A escola inclusiva depende também de acessibilidade física e comunicacional (previstas na LBI) e de rotinas simples que reduzam barreiras: sinalização, materiais ampliados, organização do espaço, linguagem clara e respeito ao tempo de cada estudante. Em redes com tempo integral, o AEE pode ocorrer dentro da jornada ampliada, seguindo as orientações do MEC.


Mercado de trabalho


O trabalho do professor de educação especial acompanha movimentos fortes nas redes de ensino brasileiras:


1) Crescimento das matrículas Censo Escolar 2023 registrou 1,77 milhão de matrículas na educação especial, com maior concentração no ensino fundamental. A tendência de crescimento do público-alvo em classes comuns se manteve em 2024, segundo INEP e relatos de redes, o que amplia a necessidade de apoios e formação docente. Para quem está entrando, isso significa demanda real por educadores que saibam articular sala comum + AEE.


2) Reforço de políticas e investimentos Entre 2023 e 2024, mais de 21 mil escolas receberam recursos para materiais pedagógicos, equipamentos multifuncionais e tecnologia assistiva, e o MEC publicou orientações específicas para o AEE no tempo integral, detalhando como organizar o atendimento e articular com a sala comum. Essa agenda movimenta vagas (efetivas e temporárias) e cria oportunidades de formação.


3) Formação continuada como diferencial A demanda não é só por “mais gente”, mas por mais preparo. O portal Mais Professores passou a concentrar especializações e cursos gratuitos para docentes, inclusive na área de AEE. Relatórios independentes apontam desafios na formação de quem atua no AEE e de regentes, o que reforça a chance de quem busca qualificação. Em 2024, por exemplo, levantamento divulgado pelo Instituto Rodrigo Mendes/Observatório da Educação indicou lacunas importantes na formação continuada.


4) Marco legal e cultura inclusiva LBI consolidou direitos à acessibilidade e a adaptações razoáveis na educação. Em paralelo, o MEC atualiza diretrizes e incentiva ações de combate ao capacitismo nas escolas. Essa base legal e cultural sustenta a necessidade de professores que conheçam práticas inclusivas e saibam trabalhar em equipe, com foco no protagonismo do estudante.


5) Onde estão as oportunidades

  • Redes municipais e estaduais com salas de recursos (concursos e processos seletivos).

  • Escolas privadas que estruturam atendimento ao estudante com inclusão no centro do projeto pedagógico.

  • Centros de apoio e equipes formativas que visitam escolas e formam professores.

  • Projetos e ONGs dedicados à acessibilidade e à formação docente.


Como se destacar agora (checklist prático):

  • Monte um portfólio com adaptações simples (texto em linguagem clara, atividade com passos curtos, avaliação com apoio visual) + resultados observados.

  • Faça um curso de Libras e outro de AEE (o portal Mais Professores ajuda a encontrar).

  • Estude LBI e diretrizes do MEC—pode parecer “lei”, mas vira rotina concreta na escola.

  • Combine parcerias com o professor regente: objetivos em comum, divisão de tarefas e celebração de pequenas conquistas.


Em resumo: o mercado é consistente e tende a crescer com a ampliação da inclusão e do tempo integral. Quem combina base pedagógicaolhar inclusivo e formação contínua encontra espaço para fazer diferença real na vida dos estudantes.


Perguntas frequentes sobre a profissão


1) Preciso de qual formação para atuar no AEE? Licenciatura para a docência + formação específica em educação especial/AEE (inicial ou continuada), conforme diretrizes do MEC.


2) O AEE substitui as aulas da sala comum? Não. O AEE complementa e apoia a aprendizagem na sala comum; ele organiza recursos e estratégias para que o estudante acompanhe a turma.


3) Libras é importante nessa carreira? Sim. O Decreto 5.626/2005 prevê a presença de Libras na formação docente e a oferta de pós-graduação para formar professores nessa área—um diferencial para atuar com estudantes surdos.


4) Onde encontro cursos gratuitos de especialização? No portal Mais Professores, do MEC, que reúne formações e pós para docentes da rede pública em todo o país.


5) Como é a demanda por esse profissional? As matrículas do público-alvo da educação especial cresceram, e o MEC reforçou o financiamento de recursos e tecnologia assistiva. Há espaço para quem tem formação continuada e sabe trabalhar em parceria.


Links e vídeos úteis


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