Professor de Ensino Superior
- victornunes88
- 13 de out.
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Ser Professor de Ensino Superior é atuar onde conhecimento vira ciência, inovação e impacto social. É o profissional que ensina jovens e adultos na graduação e pós-graduação, orienta projetos e pesquisas, publica artigos, capta fomento, faz extensão com a comunidade e participa de uma engrenagem que move o país: universidades, institutos federais, centros universitários e faculdades.
O contexto mudou muito: a LDB consolidou as funções da educação superior; a carreira federal tem regras próprias; a educação a distância (EaD) cresceu e, ao mesmo tempo, passou a ter novas exigências regulatórias; e as políticas de ciência e tecnologia seguem pressionando por produção qualificada e formação de mestres e doutores. É um trabalho exigente — combina didática, pesquisa, gestão acadêmica e serviço à sociedade —, mas também é uma das carreiras mais gratificantes para quem gosta de aprender e ensinar continuamente.

O que é um Professor de Ensino Superior
O Professor de Ensino Superior é o docente habilitado para atuar em cursos de graduação (bacharelado, licenciatura e tecnólogo) e pós-graduação (lato e stricto sensu). Seu papel está ligado aos fins da educação superior definidos na Lei de Diretrizes e Bases (LDB): estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico, formar diplomados nas diferentes áreas do conhecimento, incentivar a pesquisa e a extensão, entre outros objetivos.
Em instituições públicas, os professores também integram carreiras específicas — como a Carreira de Magistério Superior nas universidades federais — com classes, regimes de trabalho (20h, 40h e dedicação exclusiva) e progressão por titulação e desempenho.
O que faz
Planeja e ministra disciplinas na graduação e/ou pós-graduação.
Orienta TCCs, dissertações, teses e iniciação científica.
Conduz pesquisa (elabora projetos, capta recursos, publica resultados).
Desenvolve extensão (parcerias e ações com a comunidade).
Elabora e revisa planos de ensino e ementas.
Produz materiais didáticos e objetos de aprendizagem (incluindo EaD, quando autorizado).
Participa de bancas, colegiados, comissões e núcleos (ética, currículo, avaliação).
Acompanha indicadores de aprendizagem e evasão; aplica avaliação e oferece feedback.
Presta mentoria acadêmica e de carreira aos estudantes.
Faz gestão acadêmica (coordenação de curso, chefia de departamento, direção).
Mantém atualização profissional contínua (congressos, cursos, redes de pesquisa).
Zela por integridade acadêmica e boas práticas de pesquisa.
No cotidiano, esse professor transpõe objetivos curriculares em experiências de aprendizagem (aulas expositivas dialogadas, seminários, estudos de caso, projetos de pesquisa aplicada, estágios supervisionados), cuida da qualidade das avaliações (critérios, rubricas, devolutivas), registra evidências, e articula três frentes: ensino, pesquisa e extensão.
Em instituições federais, a carreira segue normativa própria; nas privadas, há maior variação de carga, turmas e metas. Na EaD, além da docência, podem surgir funções como professor formador, tutor e designer instrucional — sempre observando o marco regulatório vigente, que passou por suspensões temporárias de novos processos enquanto o MEC elabora novos referenciais de qualidade.
Responsabilidades
Garantir um ambiente ético, inclusivo e com altas expectativas acadêmicas.
Planejar por competências e resultados de aprendizagem, alinhados ao PPC e às diretrizes.
Assegurar acessibilidade e adaptações quando necessário.
Conduzir pesquisa com rigor metodológico e compliance (ética, dados, biossegurança).
Cumprir cronogramas (aula, orientação, avaliação, publicação, relatórios).
Registrar frequência, notas, pareceres e carga horária em sistemas acadêmicos.
Participar de colegiados e processos de avaliação institucional (CPA, recredenciamento).
Gerir projetos (orçamento, prestação de contas de fomento).
Integrar ações de extensão e transferência de conhecimento.
Respeitar propriedade intelectual e políticas de integridade científica.
Proteger dados pessoais (LGPD) e zelar pela segurança da informação.
Na prática, isso significa estar atento à qualidade pedagógica (planos, materiais, avaliação), à governança (prazos, relatórios, comissões) e à integridade (evitar plágio, garantir consentimento em pesquisas, seguir comitês de ética). Em cursos com práticas profissionais (saúde, engenharias, licenciaturas), soma-se a responsabilidade por laboratórios e campos de prática. Em instituições públicas, há cargas mínimas de aula e critérios de progressão; nas privadas, contratos e convenções definem a jornada e a evolução na carreira.
Áreas de atuação
Universidades públicas (federais e estaduais) e Institutos Federais.
Universidades e centros universitários privados, inclusive com EaD dentro das normas.
Faculdades e escolas corporativas (MBAs, especializações, educação continuada).
Pesquisa e inovação (núcleos, parques tecnológicos, laboratórios multiusuários).
Gestão acadêmica (coordenação de curso, pró-reitorias, agências de inovação).
Em cada ambiente, o equilíbrio entre ensino, pesquisa e extensão muda. Universidades públicas tendem a valorizar fortemente a produção científica e a formação stricto sensu; já nas privadas, especialmente as vocacionais, o foco costuma incluir empregabilidade e aprendizagem aplicada. A modalidade EaD expandiu a oferta, mas está sob marco em revisão: desde 2024 e prorrogado em 2025, o MEC suspendeu novos credenciamentos e autorizações de cursos EaD (com exceções), enquanto define novos referenciais de qualidade — o que afeta planejamento e oportunidades.
Como se tornar um
O caminho mais comum é a formação em graduação na área específica, seguida de pós-graduação stricto sensu: mestrado (para iniciar na docência e pesquisa) e doutorado (fortemente valorizado, especialmente em universidades). Durante a pós, é estratégico: (1) participar de grupos de pesquisa; (2) publicar em periódicos e congressos; (3) atuar em monitoria e estágios docentes; (4) aprender a elaborar projetos de fomento (CAPES, CNPq, FAPs). Em paralelo, construa portfólio com plano de ensino, materiais, evidências de aprendizagem e produções científicas.
Para ingressar:
Setor público: concurso para a Carreira de Magistério Superior (exige titulação — comumente doutorado —, provas didáticas, escrita e de títulos). A carreira prevê classes e regimes (20h, 40h e dedicação exclusiva).
Setor privado: seleção por currículo Lattes, entrevistas e aula-testes; muitas IES pedem titulação compatível com o curso/nível (lato/stricto sensu) e experiência aplicada.
Certificações didático-metodológicas (metodologias ativas, avaliação, desenho instrucional) e competências digitais elevam a empregabilidade — sobretudo onde há oferta semipresencial e EaD em conformidade com as regras do MEC.
Habilidades necessárias para a profissão
Didática universitária e clareza na comunicação oral e escrita.
Pesquisa: método, análise de dados, escrita acadêmica e publicações.
Extensão e relacionamento com a comunidade e com o setor produtivo.
Planejamento e avaliação por competências e evidências.
Gestão de projetos (prazos, orçamento, prestação de contas).
Competências digitais (ambientes virtuais, dados de aprendizagem, ética em IA).
Orientação acadêmica (mentoria, acompanhamento, feedback de qualidade).
Trabalho em colegiado e governança universitária.
Integridade científica (ética, LGPD, propriedade intelectual).
Uma marca do professor universitário é a versatilidade: ensinar bem, pesquisar com qualidade e conectar conhecimento à sociedade (extensão). O domínio de tecnologias educacionais e de dados para personalizar ensino (sem ferir privacidade) já é diferencial em disciplinas teóricas e práticas.
Salário médio
No serviço público federal, a Carreira de Magistério Superior possui tabelas oficiais por classe, titulação e regime de trabalho. Em 2025, as tabelas vigentes indicam, por exemplo, no regime de Dedicação Exclusiva:
Adjunto A (Doutor): remuneração básica na casa de R$ 14 mil;
Associado 1 (Doutor): em torno de R$ 19,7 mil;
Titular (Doutor): cerca de R$ 24,8 mil.
Os valores variam conforme nível na classe e RT (Retribuição por Titulação); auxílios (alimentação etc.) têm regras próprias. Para 40h sem DE, os valores são menores; para 20h, menores ainda. Consulte sempre o edital e a tabela da instituição.
Na rede privada, há ampla variação por estado, titulação, área (ex.: saúde e engenharias tendem a pagar mais), carga e modelo de contratação. Bases autorrelatadas (como o Glassdoor) apontam médias nacionais de R$ 8 mil a R$ 9,5 mil/mês para “Professor Universitário”, com dispersão grande por região e perfil institucional. Use essas referências apenas como termômetro e confirme na convenção coletiva local.
Observação: para pós-graduação stricto sensu, bolsas Capes/CNPq são fontes de apoio ao pesquisador(mestrado, doutorado). Em 2025, os valores correntes frequentemente citados são R$ 2.100 (mestrado) e R$ 3.100 (doutorado), com debate público sobre novos reajustes.
Local e ambiente de trabalho
O trabalho acontece em salas de aula, laboratórios, clínicas-escola, oficinas, bibliotecas, incubadoras e ambientes virtuais (AVA). A rotina semanal combina: (1) aulas e orientações; (2) planejamento de materiais e avaliações; (3) pesquisa (experimentos, coletas, análises, escrita de artigos); (4) extensão (projetos com a sociedade); (5) reuniões de colegiado e comissões; (6) prestação de contas de projetos; e (7) formação continuada.
Em cursos com forte prática (saúde, engenharias, licenciaturas), o professor gerencia laboratórios e campos de estágio, garantindo segurança e qualidade. Em instituições que ofertam EaD dentro das regras, há papéis específicos (tutoria, mediação em AVA, produção de conteúdo).
Mercado de trabalho
O mercado do Ensino Superior brasileiro vive forças convergentes:
1) Expansão e reconfiguração da EaD.A EaD alcançou peso histórico nas matrículas, sobretudo no setor privado. Ao mesmo tempo, o MEC suspendeu temporariamente novos credenciamentos, autorizações e aumentos de vagas para cursos EaD no sistema federal (com exceções) enquanto define novos referenciais de qualidade; em maio de 2025, a suspensão foi prorrogada. Impacto: IES revisam projetos pedagógicos, infraestrutura e proporções de presencialidade — e professores com boa didática digital e qualidade acadêmica seguem demandados, mas com maior escrutínio.
2) Pressão por qualidade e integridade acadêmica.Recém-formados precisam dominar letramento científico e competências profissionais; avaliadores olham para evidências de aprendizagem, produção docente e governança. Isso eleva a procura por professores capazes de desenhar avaliação por competências, usar dados de aprendizagem com ética e articular ensino-pesquisa-extensão.
3) Ciência, inovação e fomento.Grupos de pesquisa concorrem a editais (Capes, CNPq, Fundações Estaduais) e parcerias com o setor produtivo. O debate sobre reajuste de bolsas e expansão de vagas se mantém — contexto que afeta motivação, permanência na pós e produção científica. Professores que sabem escrever projetos, prestar contas e liderar equipes têm vantagem.
4) Demanda por áreas específicas.Áreas com forte empregabilidade (Tecnologia da Informação, Dados/IA, Saúde, Engenharias, Agrárias, Negócios/Finanças, Direito, Educação) tendem a manter concorrência por docentes com títulos e experiência aplicada. Para licenciaturas, cresce a busca por formadores com repertório em metodologias ativas, avaliação formativa e práticas de estágio alinhadas às redes escolares.
5) Carreira e condições de trabalho.Na rede pública, as tabelas 2025 trazem patamares mais claros por classe/regime; concursos seguem disputados, com exigência de doutorado predominante. No setor privado, há heterogeneidade: desde IES de alta pesquisa até instituições de ensino focado; o diferencial está em evidências de qualidade (avaliações positivas, projetos de extensão relevantes, egressos com boa inserção) e capacidades digitais (sem abrir mão de presencialidade significativa quando exigida).
Perspectiva geral (próximos anos).A demanda deve permanecer estável com nichos de crescimento: (a) cursos que dialogam com transformação digital e economia verde; (b) saúde e engenharias com infraestrutura robusta; (c) licenciaturas com foco em qualidade; e (d) pós-graduação stricto sensu que mantiver produção científica relevante. A revisão do marco da EaD tende a requalificar a oferta, favorecendo instituições e docentes com compromisso acadêmico forte. Para se destacar: portfólio consistente(ensino, pesquisa, extensão), publicações, domínio de metodologias ativas, dados de aprendizagem (com ética), e projetos de impacto social.
Perguntas frequentes sobre a profissão
1) Preciso de doutorado para dar aula na faculdade? Depende da instituição e do nível do curso. Para universidades e pós stricto sensu, doutorado é fortemente esperado. Em faculdades e cursos lato sensu, mestrado pode bastar, mas títulos mais altos e experiência aplicada valorizam seu currículo.
2) Quantas horas de aula vou ter? Varia por contrato. Em instituições públicas, a LDB indica parâmetros e as universidades fixam normas internas; em privadas, contratos e convenções definem carga, além de horas de planejamento e orientação.
3) Posso trabalhar com EaD? Sim, desde que a instituição e o curso estejam autorizados e respeitem o marco regulatório. Há funções específicas (docência, tutoria, mediação e design instrucional). Fique atento às suspensões temporárias e às novas regras do MEC.
4) O que mais pesa numa seleção? Título (especialmente doutorado), produção científica, experiência docente, projetos de extensão, competência didático-digital e alinhamento ao perfil da IES (pesquisa forte? formação aplicada?).
5) Dá para conciliar com atuação no mercado? Sim, especialmente em 40h ou contratos na rede privada. Em Dedicação Exclusiva nas federais, há restrições e regras específicas para atividades externas. Consulte o edital e a normativa da instituição.
Links e vídeos úteis
LDB — texto oficial (Planalto): Lei nº 9.394/1996. (Planalto)
LDB — versão comentada (Senado, PDF): boa para consulta rápida de artigos. (Senado)
Carreira do Magistério Superior (Lei 12.772/2012): estrutura da carreira federal. (Planalto)
Tabelas 2025 — Magistério Superior (PDF de universidade federal): valores por classe/regime. (Universidade Federal do Sul da Bahia)
Portaria MEC nº 528/2024 (EaD) — regras transitórias e suspensão de novos processos. (JuriNews)
Portaria MEC nº 371/2025 — prorrogação da suspensão (EaD). (Serviços e Informações do Brasil)
Censo da Educação Superior (Inep) — panorama, indicadores e notas estatísticas. (Serviços e Informações do Brasil)
Valores de bolsas (CAPES) — página oficial e normativas. (Serviços e Informações do Brasil)
Salários informados — Glassdoor (referência indicativa; confirmar localmente). (Glassdoor)




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