Professor de Geografia
- victornunes88
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Quem ajuda a gente a “ler” o mundo — do bairro em que moramos ao sistema climático global, das rotas de migração às redes de internet e comércio — é o Professor de Geografia. Muito além de mapas e capitais, esse profissional ensina a pensar espacialmente: como fenômenos naturais e sociais se distribuem no espaço, se conectam em diferentes escalas (local, regional, global) e impactam a vida das pessoas.
Em sala, ele provoca perguntas (“por que chove mais aqui?”, “como a cidade cresceu?”, “o que é fronteira?”), trabalha com dados e fontes variadas (imagens de satélite, mapas, notícias, gráficos, vídeos), media debates e incentiva o protagonismo dos estudantes em questões do território — mobilidade, moradia, risco ambiental, mudanças climáticas, consumo consciente.
Nos últimos anos, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) reposicionou a Geografia como área estratégica para formar cidadãos críticos, organizando o ensino por competências e por unidades temáticas ao longo do Ensino Fundamental e com competências específicas nas Ciências Humanas do Ensino Médio. Isso orienta os currículos das redes e os materiais didáticos, tornando o papel do professor ainda mais central.

O que é um Professor de Geografia
É o docente especialista no ensino-aprendizagem de Geografia na Educação Básica. Ele planeja, executa e avalia experiências didáticas que desenvolvem raciocínio geográfico, leitura de diferentes linguagens cartográficas e compreensão de relações sociedade–natureza. Seu trabalho se ancora em marcos legais como a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) e a BNCC, além do projeto pedagógico da escola e das diretrizes da rede. Pela LDB, a docência na Educação Básica exige formação em licenciatura na área (no caso, Licenciatura em Geografia).
Na BNCC do Ensino Fundamental, o componente Geografia se organiza em cinco unidades temáticas que se desdobram em habilidades: O sujeito e seu lugar no mundo; Conexões e escalas; Mundo do trabalho; Formas de representação e pensamento espacial; Natureza, ambientes e qualidade de vida. Essa arquitetura facilita o planejamento em progressão de complexidade do 1º ao 9º ano. No Ensino Médio, a Geografia integra a área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, com ênfase em investigação, análise de fontes e projetos.
O que faz
No dia a dia, o Professor de Geografia pode:
Planejar aulas, unidades e projetos alinhados à BNCC e ao currículo da rede.
Ensinar cartografia e leitura de representações: mapas, plantas, croquis, imagens de satélite, escalas e coordenadas.
Trabalhar temas físicos (relevo, clima, hidrografia, biomas) articulados a temas humanos (urbanização, população, economia, migrações).
Desenvolver investigações territoriais com os estudantes (diagnósticos do bairro, uso do solo, mobilidade, ilhas de calor).
Promover leitura crítica de mídias e dados geográficos (gráficos, tabelas, infográficos, SIGs abertos).
Abordar cidadania e sustentabilidade (consumo de água/energia, resíduos, justiça socioambiental).
Avaliar com instrumentos variados (rubricas, portfólios, produções cartográficas, seminários, provas).
Utilizar tecnologias educacionais (mapas interativos, globos virtuais, planilhas, AVAs).
Organizar saídas de campo (parques, rios, centros históricos) e parcerias com órgãos locais.
Conectar escalas: do local ao global, mostrando impactos e interdependências.
Além dos bullets, vale destacar: o professor cria situações de aprendizagem investigativas e contextualizadas. Em Geografia, “ver” é mais do que olhar: é interpretar o espaço e suas dinâmicas. Por isso, boas aulas combinam problemas reais (enchentes, transporte, moradia), dados atualizados e técnicas de visualização — fortalecendo a autonomia do estudante para argumentar com evidências. A avaliação é contínua e formativa, com devolutivas que orientam reescrita, revisão de mapas e aprimoramento de hipóteses.
Responsabilidades
Garantir aderência legal e curricular (LDB, BNCC, normas da rede, projeto pedagógico).
Elaborar planos de ensino e sequências didáticas com objetivos claros e critérios de avaliação.
Selecionar e validar fontes (mapas, imagens, textos, dados), checando autoria, data e intencionalidade.
Conduzir aulas inclusivas, com estratégias para diferentes perfis e necessidades.
Aplicar avaliações diagnósticas, formativas e somativas; registrar frequência/notas/relatórios.
Promover clima de sala respeitoso (diversidade cultural, regional, étnico-racial e de linguagem).
Participar de formação continuada, reuniões e conselhos de classe.
Colaborar em projetos interdisciplinares (Ciências, História, Artes, Matemática).
Liderar projetos territoriais com a comunidade (feiras, mapeamentos participativos, mutirões ambientais).
Respeitar jornada e horas-atividade; por lei, 1/3 da carga horária do magistério deve ser reservado a atividades extraclasse (planejamento, correção) — entendimento confirmado pelo STF.
Em síntese, responsabilidade docente é planejar com intencionalidade, mediar com propósito e acompanhar com dados. Isso inclui usar avaliações para aprender (não só para “fechar nota”) e documentar o percurso dos estudantes.
Áreas de atuação
Educação Básica: Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio (redes públicas e privadas).
EJA e Educação Profissional (componentes de comunicação/cidadania e projetos).
Cursos livres e preparatórios (ENEM/vestibulares com foco em Geografia).
Produção de materiais didáticos (editoras, plataformas, edtechs).
Gestão/coordenação pedagógica e formação contínua de professores.
Projetos socioambientais e de mapeamento (parcerias com secretarias, ONGs, museus e universidades).
Para além da sala regular, muitos profissionais migram para coordenação, tutoria EAD, curadoria de recursos didáticos e consultoria em educação ambiental e cidadania territorial. O repertório geográfico também abre portas para projetos de cartografia social e educação patrimonial.
Como se tornar um
O caminho direto é cursar Licenciatura em Geografia (presencial ou a distância), com estágio supervisionado e disciplinas de didática, currículo, avaliação, inclusão e tecnologias. Concluída a graduação, o ingresso em redes públicas ocorre via concurso (estadual/municipal); em redes privadas, por processo seletivo. A BNCC é referência obrigatória para o planejamento, então estude o documento (unidades temáticas do Fundamental, competências de Humanas no Médio) e os currículos da sua rede.
A formação continuada é parte da carreira: temas como cartografia escolar, cidadania e sustentabilidade, avaliação formativa, metodologias ativas, uso de dados e geotecnologias (SIGs livres, mapas interativos) e educação antirracista são diferenciais. Em 2025, o MEC e o Inep implementaram a Prova Nacional Docente (PND), que pode ser adotada por estados e municípios como etapa em concursos — boa oportunidade para orientar seus estudos e comprovar competências.
Habilidades necessárias para a profissão
Antes dos bullets: ensinar Geografia é investigar com os estudantes. É traduzir fenômenos complexos (clima, mercados, fluxos, fronteiras) em experiências significativas, visuais e participativas.
Raciocínio geográfico: estabelecer relações espaço–tempo, conexões e escalas, identificando padrões e interdependências.
Cartografia e linguagens: leitura/produção de mapas, gráficos, infográficos; noções de escala, projeções e orientação.
Pesquisa e análise de fontes: textos jornalísticos, dados oficiais, imagens, mapas, documentos históricos.
Competência digital: uso de AVAs, planilhas, ferramentas de mapa (ex.: globos virtuais, plataformas interativas).
Avaliação formativa: rubricas, portfólios, feedbacks que orientam revisão de mapas e textos.
Didática e gestão de sala: mediação de debates, construção de regras, inclusão e acessibilidade.
Projetos e trabalho de campo: planejamento seguro e vinculação com o território/localidade.
Formação contínua: atualização em BNCC, currículo, cultura digital e sustentabilidade.
Salário médio
A remuneração depende da rede (pública/privada), região, carga horária e titulação. Na rede pública, existe piso salarial nacional do magistério como mínimo para 40h semanais. Em 2025, o MEC atualizou o piso para R$ 4.867,77(reajuste de 6,27%), com efeitos a partir de 1º de janeiro de 2025; estados e municípios precisam oficializar o valor nas próprias redes. O piso se baseia na Lei 11.738/2008, que também embasa a composição da jornada, com 1/3 para horas-atividade — ponto já pacificado pelo STF.
Como referência de mercado, sites de salários mostram faixas variáveis conforme localidade e segmento: o Salario.com.br e o Dissidio.com.br trazem tabelas por CBO (por exemplo, Professor de Geografia do Ensino Fundamental, CBO 2313-20) com médias por estado e setor; já o Glassdoor compila valores autorrelatados por profissionais e organizações. Use essas fontes para comparar cenários da sua cidade/região e considerar benefícios, carga horária e funções adicionais (coordenação, projetos, itinerários).
Local e ambiente de trabalho
O Professor de Geografia atua principalmente em escolas (Fundamental – anos finais – e Ensino Médio). O ambiente inclui salas de aula com quadro, projetor/TV e internet; bibliotecas e laboratórios de informática; e, cada vez mais, plataformas digitais para tarefas e acompanhamento. Além das aulas, a jornada docente contempla horas-atividade para planejamento, correções, registros e atendimento — condição essencial para a qualidade do ensino e prevista na legislação (1/3 da carga).
A rotina envolve reuniões pedagógicas, formação continuada e conselhos de classe. Em escolas de tempo integral, o professor costuma conduzir eletivas e projetos (cartografia social, hortas escolares, monitoramento de microbacias, observação do clima local). Saídas de campo e estudos do meio são marcas da disciplina: parques, rios, bairros, museus, estações meteorológicas, órgãos de defesa civil. No híbrido/EAD, cresce o uso de AVAs, mapas interativos e ferramentas colaborativas para produção de mapas, textos e apresentações.
Mercado de trabalho
A demanda por professores de Geografia é estrutural (toda escola precisa desse componente), com sinais positivos recentes:
BNCC e revisão do Ensino Médio: redes públicas e privadas seguem adequando currículos e materiais às competências de Humanas e às unidades temáticas de Geografia. Isso pede docentes capazes de planejar por competências, articular escalas e trabalhar com múltiplas linguagens.
Expansão do tempo integral: dados do Censo Escolar 2024 e análises de organizações educacionais indicam ampliação de escolas/jornadas integrais — o que implica mais tempo pedagógico e, frequentemente, mais professores para projetos e eletivas.
Valorização e provimento: além do piso reajustado em 2025, a Prova Nacional Docente (PND) oferece uma referência de avaliação que pode ser usada por estados/municípios em concursos, apoiando a reposições e novas contratações.
Onde estão as oportunidades?
Redes públicas (municipais/estaduais): concursos regulares, plano de carreira e estabilidade; atenção a editais locais e à eventual adoção da PND como etapa no processo.
Redes privadas: escolas tradicionais e grupos educacionais (regular, integral, bilíngue), com variação salarial por capital/interior.
Edtechs e editoras: produção de recursos didáticos, roteiros de vídeo-aula, bancos de itens e simulados alinhados à BNCC.
Cursos preparatórios: foco em Geografia e Atualidades para ENEM/vestibulares.
Projetos socioambientais: mapeamentos participativos, educação ambiental, cidadania territorial com ONGs e secretarias.
Tendências que mudam o trabalho
Cultura digital e dados: mapas interativos, sensoriamento remoto de acesso público, dados climáticos abertos e ferramentas de visualização demandam competência digital docente.
Educação climática e riscos: eventos extremos (enchentes, secas, deslizamentos) exigem abordagem territorial crítica e projetos de prevenção com a comunidade.
Aprendizagem baseada em projetos: investigações locais — história do rio do bairro, diagnóstico de mobilidade, moradia e zonas de risco — conectam currículo e vida real.
Avaliação para aprendizagem: rubricas, portfólios e devolutivas qualificadas ganham espaço ao lado de provas tradicionais.
Integração com outras áreas: Matemática (gráficos e estatística), Ciências (clima e solo), História (territórios e fronteiras), Artes (cartografia e representação).
Como se destacar
Monte um portfólio com sequências didáticas, mapas produzidos, projetos de campo e produtos dos alunos (respeitando a LGPD). Aprimore cartografia escolar (do croqui ao mapa temático), domine BNCC e avaliação formativa e fortaleça sua competência digital (planilhas, mapas online, visualização de dados). Acompanhe editais e oportunidades de formação da sua rede. No médio prazo, titulações (especialização/mestrado), produção autoral e participação em comunidades docentes ampliam empregabilidade e crescimento.
Perguntas frequentes sobre a profissão
Preciso de licenciatura para dar aula de Geografia na Educação Básica? Sim. A LDB exige licenciatura para a docência na Educação Básica; para Geografia, o caminho usual é Licenciatura em Geografia.
O que a BNCC traz de específico para Geografia? No Ensino Fundamental, organiza-se em cinco unidades temáticas (sujeito e lugar; conexões e escalas; mundo do trabalho; formas de representação e pensamento espacial; natureza/ambientes/qualidade de vida). No Ensino Médio, integra Ciências Humanas, com foco em investigação e projetos.
Quanto ganha um Professor de Geografia? Na rede pública, o piso 2025 é R$ 4.867,77 (40h), a ser homologado por cada estado/município. Em mercado, Salario.com.br, Dissidio.com.br e Glassdoor mostram faixas por UF, setor e relatos de profissionais.
Qual é a minha carga de planejamento? A legislação prevê mínimo de 1/3 da jornada para horas-atividade (planejamento, correções, formação), entendimento validado pelo STF.
Há concursos e seleções em 2025? Sim. Além dos editais locais, a PND pode ser usada por estados e municípios como etapa em concursos/seleções de professores.
Links e vídeos úteis
BNCC – Portal oficial (visão geral e documentos). (Base Nacional Comum)
BNCC – Geografia (referências e unidades temáticas) – documento com as cinco unidades e explicações. (SEDU)
BNCC – Ensino Médio (Ciências Humanas e Sociais Aplicadas). (Serviços e Informações do Brasil)
LDB – Lei 9.394/1996 (PDF – Senado/Planalto). (Senado)
Lei 11.738/2008 (Lei do Piso) – texto oficial. (Planalto)
Portaria MEC nº 77/2025 – Piso 2025: R$ 4.867,77 (PDF). (Brasil Escola)
Notícia MEC – Piso 2025 reajustado (contexto e orientações). (Serviços e Informações do Brasil)
Censo Escolar 2024 – Notas estatísticas (Inep). (Serviços e Informações do Brasil)
PND 2025 – Prova Nacional Docente (MEC/Agência Gov). (Serviços e Informações do Brasil)
BNCC de Geografia – guia prático (Nova Escola). (Nova Escola)
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