Professor de História
- victornunes88
- 13 de out.
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Quem nos ajuda a enxergar que as coisas “sempre foram assim” é, na verdade, uma meia-verdade? Quem mostra que direitos, tecnologias, costumes e fronteiras mudam com o tempo — e que nós também podemos transformá-los? Esse é o papel do Professor de História. Muito além de decorar datas, esse profissional desenvolve a capacidade de interpretar processos, conectar passado e presente e argumentar com evidências. Em sala, ele mobiliza fontes (textos, mapas, imagens, objetos, músicas, memes), propõe comparações e debates, ensina a identificar pontos de vista e a reconhecer diversidade.
Nos últimos anos, a área ganhou novo fôlego com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que organiza competências e habilidades de História do 1º ano do Fundamental ao Ensino Médio e orienta o trabalho com diferentes práticas de linguagem histórica (análise de fontes, temporalidade, agência, cidadania). A BNCC é referência obrigatória para redes públicas e privadas no Brasil, servindo de base para currículos, materiais, avaliações e formação docente.

O que é um Professor de História
O Professor de História é o especialista na ensino-aprendizagem dessa disciplina, mediando experiências para que estudantes desenvolvam noções de tempo histórico, causalidade, mudança e permanência, multiplicidade de narrativas e uso crítico de fontes. Ele planeja aulas alinhadas à BNCC e à proposta pedagógica da escola, avalia processos de aprendizagem e cria projetos que aproximam a História das questões do cotidiano e dos desafios da comunidade.
Para atuar na Educação Básica, a legislação brasileira (LDB) exige formação em licenciatura — no caso, Licenciatura em História — obtida em instituição reconhecida. A LDB é a lei que organiza a educação nacional e estabelece os requisitos de formação docente; os currículos escolares devem estar em consonância com a BNCC.
O que faz
No cotidiano, o Professor de História pode:
Planejar unidades e sequências didáticas alinhadas à BNCC (EF e EM).
Selecionar e analisar fontes históricas (textos, imagens, mapas, objetos, vídeos, depoimentos).
Trabalhar competências como temporalidade, argumentação e pensamento crítico.
Conduzir aulas dialogadas, debates e seminários, promovendo participação ativa.
Desenvolver projetos interdisciplinares (História + Geografia, Arte, Sociologia, Língua Portuguesa).
Promover letramento histórico e mediação de leitura de diferentes gêneros.
Preparar estudantes para avaliações internas e externas, vestibulares e ENEM.
Utilizar tecnologias educacionais (linhas do tempo digitais, mapas interativos, repositórios).
Produzir materiais didáticos autorais e adaptar recursos para inclusão (AEE).
Realizar avaliação formativa (rubricas, portfólios, devolutivas de reescrita).
Organizar saídas de estudo (museus, centros históricos, memoriais) e convidar especialistas.
Registrar frequência, notas e relatórios em sistemas da escola/rede.
Mais do que “dar conteúdo”, o professor constrói situações de investigação: apresenta questões-problema, orienta a leitura de fontes (quem escreveu? quando? com qual intenção?), ajuda a comparar versões e a argumentar com base em evidências. A aula de História dialoga com o presente — conflitos, cidadania, diversidade, ciência e tecnologia — para que os alunos reconheçam histórias locais e globais, exercitando empatia histórica e responsabilidade democrática. Em escolas de tempo integral, é comum liderar projetos como feiras de memória, podcasts históricos ou jornais de época.
Responsabilidades
Garantir aderência à BNCC e ao projeto pedagógico da escola.
Elaborar planos de ensino e sequências com objetivos de aprendizagem claros.
Selecionar conteúdos e fontes legítimas, checando autoria e propósito.
Conduzir aulas inclusivas, com estratégias para diferentes perfis de estudantes.
Implementar avaliações diagnósticas, formativas e somativas.
Oferecer devolutivas qualificadas e oportunidades de revisão/reescrita.
Manter registros acadêmicos (frequência, notas, relatórios) e comunicar-se com famílias.
Zelar pelo clima de sala e pelo respeito à diversidade (cultural, étnico-racial, religiosa).
Participar de formações continuadas, conselhos de classe e reuniões pedagógicas.
Colaborar com projetos institucionais (olimpíadas, mostras culturais, feiras).
Observar normas da rede (carga horária, horas-atividade, uso de sistemas).
Na prática, responsabilidade é planejar bem, mediar com intencionalidade e acompanhar de perto a aprendizagem. O professor de História precisa filtrar informações (sobretudo em tempos de desinformação), curar bons materiais e criar percursos em que os estudantes leiam mais e melhor, discutam com respeito e produzam explicações próprias para os fenômenos históricos.
Áreas de atuação
Educação Básica: Ensino Fundamental – Anos Finais e Ensino Médio (redes públicas e privadas).
Educação de Jovens e Adultos (EJA) e Educação Profissional (componentes de Ciências Humanas).
Cursos livres e preparatórios (vestibulares, ENEM, concursos).
Produção de materiais didáticos (editoras, plataformas/edtechs).
Gestão/Coordenação pedagógica e formação de professores.
Projetos culturais e memória (museus, arquivos, ONGs, centros culturais).
Além da sala de aula regular, muitos profissionais transitam para coordenação, tutoria EAD, curadoria de acervos, pesquisa aplicada e consultoria em projetos de educação patrimonial e memória institucional. A familiaridade com tecnologias e metodologias ativas amplia espaço em redes e plataformas.
Como se tornar um
O caminho mais comum é cursar Licenciatura em História (presencial ou a distância) com estágio supervisionado e componentes de didática, currículo, avaliação e inclusão. A LDB estabelece a licenciatura como formação exigida para docência na Educação Básica; após formado, o ingresso na rede pública ocorre via concurso e, na rede privada, por processos seletivos. A BNCC orienta o planejamento e a avaliação, então é essencial estudar o documento (competências/habilidades do 1º ao 9º ano e competências específicas do Ensino Médio).
A formação continuada é parte da carreira: cursos de BNCC, educação antirracista, história local e patrimônio, cultura digital, avaliação formativa e metodologias ativas. Quem deseja ampliar horizontes pode buscar especialização, mestrado profissional/ acadêmico e participar de redes de professores e comunidades de prática.
Habilidades necessárias para a profissão
Antes dos bullets: ensinar História é investigar com os estudantes. Exige domínio conceitual e, ao mesmo tempo, didática para transformar conteúdos em experiências significativas.
Domínio do conhecimento histórico e de seus conceitos (tempo, fontes, agência, causalidade).
Planejamento didático e avaliação formativa (rubricas, portfólios, devolutivas).
Leitura crítica de fontes e checagem de fatos (autor, contexto, intencionalidade).
Mediação de debates e gestão de sala com escuta ativa e regras claras.
Competência digital: uso de acervos online, mapas interativos, linhas do tempo digitais.
Inclusão e diversidade: abordagem antirracista, respeito a diferentes matrizes culturais e regionais.
Comunicação escrita e oral para orientar, argumentar e dar feedback de qualidade.
Trabalho colaborativo com outras áreas (Línguas, Artes, Geografia, Sociologia).
Abertura à formação continuada e à inovação pedagógica.
Salário médio
Na rede pública, há um piso salarial nacional para o magistério da Educação Básica que serve como valor mínimo para 40 horas semanais. Em 2025, o MEC atualizou o piso para R$ 4.867,77 (reajuste de 6,27%), cabendo a estados e municípios oficializarem o valor nas próprias redes.
Na rede privada, os salários variam conforme convenções coletivas, carga horária (aulas/semana), porte e perfil da escola (regular, integral, bilíngue), além de funções adicionais (coordenação, produção de materiais, projetos). Em geral, titulação (especialização/mestrado), experiência com ENEM/vestibulares e domínio de tecnologias tendem a gerar remunerações acima da média da Educação Básica.
Local e ambiente de trabalho
O Professor de História atua principalmente em escolas (Fundamental – anos finais – e Ensino Médio). O ambiente inclui salas de aula equipadas com quadro, projetor/TV e internet, além de biblioteca/sala de leitura, laboratórios de informática e plataformas digitais para acompanhamento de tarefas. Fora do período de aulas, há horas-atividade para planejamento, correção, registros e atendimento individual. Em escolas de tempo integral, o docente costuma conduzir eletivas e projetos (feiras de memória, museus escolares, clubes de leitura histórica), conectando território e currículo.
A rotina envolve reuniões pedagógicas, formação continuada e conselhos de classe. Em cursos livres e pré-vestibulares, o foco recai em estratégias de prova e produção de redação com repertório histórico. Com a expansão de ambientes virtuais de aprendizagem, cresce o uso de avaliações online, fóruns e feedback assíncrono — o que exige competência digital e organização.
Mercado de trabalho
A demanda por professores de História é estrutural — toda escola precisa desse componente em Ciências Humanas. Três vetores sustentam as oportunidades atuais:
Currículos baseados na BNCC: redes públicas e privadas vêm adequando currículos, materiais e avaliações às competências específicas de História. Isso intensifica a busca por professores que dominem o documento e saibam desdobrá-lo em sequências didáticas com análise de fontes, produção de argumentação e uso de tecnologias.
Organização das matrículas e do tempo integral: dados do Censo Escolar 2024 ajudam redes a dimensionar contratação e distribuição de turmas. O estudo do Inep mostra tendências de recuperação de matrículas após a pandemia e a expansão de tempo integral em alguns sistemas — o que exige mais horas de aula e, consequentemente, mais docentes.
Valorização e políticas de provimento: além do piso reajustado em 2025, o MEC e o Inep lançaram a Prova Nacional Docente (PND), que pode ser usada por estados e municípios como etapa em concursos. A medida busca apoiar seleção e provimento de vagas, somando-se a editais estaduais/municipais previstos para o ano.
Onde estão as vagas?
Redes públicas (municipais/estaduais): concursos periódicos, plano de carreira e estabilidade. Em 2025, diversas secretarias sinalizaram editais para recompor quadro docente.
Redes privadas: escolas tradicionais e grupos educacionais com variação salarial por capital/interior, além de demanda por projetos autorais e itinerários formativos no Novo Ensino Médio.
Edtechs e editoras: produção de materiais, roteiros de vídeo-aula, simulados e itens de avaliação coerentes com a BNCC.
Cursos livres e preparatórios: foco em repertório histórico articulado à produção de texto para ENEM/vestibulares.
Projetos de cultura, memória e patrimônio: parcerias com museus, arquivos, secretarias de cultura e organizações da sociedade civil (mediação de visitas, mapeamento de memória local, acervos digitais).
Tendências que mudam o trabalho
Cultura digital e mídias: estudantes lidam com vídeos curtos, podcasts, infográficos e redes; o professor precisa ensinar leitura crítica e contextualização histórica desses materiais.
Educação antirracista e diversidade: diretrizes e currículos pedem abordagem plural das histórias afro-brasileiras, indígenas e de diferentes regiões do país.
Aprendizagens baseadas em projetos: investigações locais (história do bairro, do rio, da comunidade) aproximam a disciplina da vida do estudante.
Avaliação para aprendizagem: cresce o uso de portfólios, autoavaliações e rubricas; provas continuam existindo, mas como parte de um ecossistema de avaliação.
Formação continuada: redes exigem atualização constante; a familiaridade com metodologias ativas e tecnologias tornou-se diferencial.
Como se destacar
Monte um portfólio com sequências didáticas, exemplos de rubricas, projetos de campo e produções de alunos (respeitando LGPD). Aprofunde-se na BNCC de História e em estratégias de análise de fontes. Invista em competência digital (mapas/linhas do tempo online, acervos abertos), educação antirracista e avaliação formativa. Acompanhe editais e oportunidades da sua região.
No médio prazo, títulos (especialização/mestrado), participação em redes de professores e produção autoral ampliam empregabilidade e progressão.
Para fechar: a combinação de demanda contínua, piso atualizado e iniciativas como a PND desenham um cenário favorável — com a ressalva de que remunerações e condições de trabalho variam conforme a rede e a localidade, exigindo análise cuidadosa de cada oportunidade.
Perguntas frequentes sobre a profissão
Preciso de licenciatura para dar aula de História na Educação Básica? Sim. A LDB determina formação em nível superior, curso de licenciatura para docência. Para História, a via usual é Licenciatura em História.
O que a BNCC diz sobre História? A BNCC define competências e habilidades por etapa, enfatizando análise de fontes, temporalidade, argumentação e relação passado–presente. É base para currículos e avaliações das redes.
Quanto ganha um Professor de História? Na rede pública, o piso nacional 2025 é R$ 4.867,77 (40h), e cada estado/município deve oficializar o valor. Na rede privada, as faixas variam por convenções, carga horária e titulação.
Há concursos em 2025? Sim. Além de editais estaduais/municipais, o MEC instituiu a Prova Nacional Docente, que pode ser usada como etapa em concursos/seleções.
Links e vídeos úteis
BNCC – História (site oficial): competências e habilidades por etapa. (Base Nacional Comum)
LDB – Lei 9.394/1996 (PDF – Senado): base legal da educação brasileira. (Senado)
Piso do Magistério 2025 (notícia MEC): valor atualizado e orientações. (Serviços e Informações do Brasil)
Portaria MEC nº 77/2025 (PDF): atualiza o piso para R$ 4.867,77. (Brasil Escola)
Censo Escolar 2024 (PDF – Inep): notas estatísticas e panorama de matrículas. (Inep Download)
O que muda na História com a BNCC (Nova Escola): leitura prática para docentes. (Nova Escola)
Prova Nacional Docente (MEC): edital e usos na seleção de professores. (Serviços e Informações do Brasil)




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