Soldador
- victornunes88
- 22 de ago.
- 8 min de leitura
Curte montar coisas com as próprias mãos, gosta de ver estruturas ganhando forma e se anima com a ideia de trabalhar em obras, fábricas, estaleiros ou oficinas? A profissão de soldador pode ser sua praia. O soldador é o profissional que une peças metálicas e ajuda a construir de tudo: portões, pontes, caminhões, navios, torres eólicas, tubulações e muito mais. É um trabalho bem prático, que pede atenção, disciplina e segurança — e que faz diferença real no dia a dia das pessoas e das cidades.
No Brasil, a ocupação está no grupo dos trabalhadores de soldagem e corte de ligas metálicas, o que facilita achar vagas e comparar salários em bases oficiais. A demanda costuma acompanhar ciclos da construção, indústria metalmecânica, óleo e gás, naval e energia renovável — áreas que seguem recebendo investimentos e mantêm o soldador como peça-chave.

O que é um soldador
Em linguagem simples: soldador é quem prepara, posiciona e une peças de metal (e às vezes outros materiais), deixando a junção resistente e segura. Ele também faz cortes, reparos e acabamentos em estruturas metálicas. É um ofício manual, mas com muita organização: checar medidas, ler instruções simples de serviço, separar equipamentos, cuidar de EPI (óculos, máscara, luvas) e manter o local de trabalho limpo e seguro.
No mercado formal, o cargo aparece no CBO 7243-15 e tem descrições detalhadas de atividades e ambientes típicos — uma referência útil para quem está começando e quer entender o que as empresas esperam. Além disso, há normas de segurança importantes para o dia a dia (como a NR-18, na construção, e a NR-34, em estaleiros), que trazem medidas de proteção para “trabalhos a quente” (soldagem e corte).
O que faz
Lê instruções do serviço (peças, medidas, prazos).
Prepara materiais e ferramentas (limpa, posiciona, fixa).
Monta e alinha peças antes da união.
Realiza a solda conforme o procedimento indicado no trabalho.
Faz cortes e furos quando necessário.
Inspeciona a união (olho treinado e testes simples).
Repara e retoca cordões de solda, quando preciso.
Faz acabamento (desbaste, escovação, limpeza).
Organiza o posto e guarda equipamentos.
Segue padrões de segurança (EPI, sinalização, ventilação).
Registra o que foi feito e reporta pendências à liderança.
Colabora com montadores, caldeireiros, pintores e outros profissionais.
No dia a dia, o soldador atua como “construtor de junções” — o ponto onde tudo se conecta. Em uma fábrica, pode trabalhar em linhas de montagem ou células; em obras, atua em estruturas metálicas; em estaleiros, participa de cascos e tubulações; em oficinas, lida com reparos de veículos, carrocerias e implementos. O trabalho é prático e progressivo: com experiência e cursos, dá para assumir serviços mais complexos, liderar times ou especializar-se em segmentos bem pagos (como naval e óleo & gás).
Responsabilidades
Zelar pela segurança (EPI, sinalização, extintor por perto).
Cumprir normas aplicáveis (como NR-18 e NR-34, dependendo do local).
Preparar corretamente as peças (limpeza, chanfragem quando houver, fixação).
Seguir instruções do serviço e da liderança.
Conferir medidas e tolerâncias simples.
Proteger o entorno (anteparos, faíscas, ventilação adequada).
Manter organização do posto e das ferramentas.
Cuidar do equipamento (arcos, maçaricos, tocha, cabos em bom estado).
Registrar o que foi produzido e reportar problemas.
Trabalhar em equipe com respeito e comunicação clara.
Respeitar prazos e padrões de qualidade combinados.
Atuar com ética (zero “gambiarras” que comprometam a segurança).
Essas responsabilidades existem porque soldagem envolve calor, faíscas e fumos. As normas deixam claro, por exemplo, a necessidade de anteparos incombustíveis para proteger outros trabalhadores e exigem medidas específicas em canteiros e estaleiros. Com rotina e atenção, isso vira hábito e o trabalho flui com segurança.
Áreas de atuação
Construção civil (estruturas metálicas, portões, grades, mezaninos).
Indústria metalmecânica (máquinas, implementos, estruturas).
Óleo e gás (refinarias, dutos, manutenção).
Naval (estaleiros, embarcações, estruturas offshore).
Automotiva e transporte (carrocerias, reboques, vagões).
Energia renovável (torres eólicas, suportes, bases).
Manutenção industrial (reparos, paradas de planta).
Cada setor tem ritmo e regras. Em construção, a NR-18 organiza o canteiro e o trabalho a quente; em estaleiros, a NR-34trata de segurança em solda, corte e movimentação; em refinarias e petroquímica, há paradas de manutenção com times grandes, prazos apertados e cuidado redobrado com segurança.
Como se tornar um
Dá para começar ainda no ensino médio: participe de feiras de profissões, visite unidades do SENAI, veja vídeos sobre rotina de soldadores e treine hábitos de segurança (atenção a regras, organização).
O caminho mais comum é fazer curso de qualificação em instituições reconhecidas, como o SENAI (que oferece formações na área de metalurgia e soldagem, com aulas práticas e foco em segurança). Em São Paulo, por exemplo, há cursos específicos de soldador ao arco elétrico e oxigás e diversas trilhas na família metalmecânica. Depois, você pode complementar com cursos de leitura e interpretação de desenho, metrologia e boas práticas de segurança.
Dicas para acelerar:
Monte um portfólio simples (fotos de peças e estruturas que você soldou, com autorização).
Peça feedback de alguém mais experiente (instrutor, líder).
Fique de olho em processos seletivos de empresas, paradas de manutenção e obras.
Se tiver oportunidade, busque certificações internas da empresa ou qualificações de soldador quando exigirem (principalmente em setores como naval e óleo & gás).
Acompanhe materiais do SENAI/CNI sobre demanda de mão de obra — o Mapa do Trabalho Industrial 2025-2027 indica que áreas como construção e metalmecânica (onde estão os trabalhadores de soldagem e corte) seguem pedindo profissionais qualificados.
Habilidades necessárias para a profissão
Antes de decorar nomes de processos, foque em hábitos:
Atenção à segurança (EPI sempre; respeitar área de risco).
Organização (checklist de ferramentas e materiais).
Capricho e paciência (fazer bem feito, sem pressa).
Leitura de instruções (entender o que foi pedido).
Comunicação (tirar dúvidas, avisar problemas).
Trabalho em equipe (se entrosar com montadores, caldeireiros, pintores).
Condicionamento físico (postura, alongamento, hidratação).
Responsabilidade (cumprir prazos e manter o posto limpo).
Vontade de aprender (cursos curtos, novas técnicas, boas práticas).
Essas competências são treináveis. Cursos do SENAI e a própria rotina de trabalho ajudam a desenvolver o “olho bom” para qualidade e segurança.
Salário médio
Segundo o Portal Salario (base CAGED), soldador (CBO 7243-15) recebe, em média, R$ 3.150,68/mês no Brasil para 44 horas semanais (amostra de 254.010 vínculos em 12 meses). Em 06 de agosto de 2025, a faixa registrada era de R$ 3.064,63 (piso) a R$ 5.246,19 (teto), variando por estado, cidade, segmento e experiência. Lembre que isso é salário base CLT: adicionais (periculosidade/insalubridade), horas extras e bônus não entram nessa média. O site também mostra setores que mais contratam (montagem industrial, instalação de máquinas, caldeiraria pesada, etc.).
Em algumas cidades e segmentos, os valores podem ser maiores (especialmente em montagem industrial e manutenção pesada). Use os painéis por estado/cidade do Portal Salario para comparar sua região.
Local e ambiente de trabalho
O soldador trabalha em ambientes variados: oficina, fábrica, canteiro de obras, estaleiro, refinaria, usina e até eólicas (na fabricação de torres e estruturas). A rotina combina:
preparo de peças,
execução da solda e
acabamento e inspeção simples, sempre com EPI e organização do posto.
Em canteiros, a NR-18 orienta o trabalho a quente (proteção do entorno, ventilação, cuidado com materiais inflamáveis, etc.); em estaleiros, a NR-34 traz regras específicas para solda em cascos e tubulações. Em refinarias e indústrias, há paradas de manutenção com equipes maiores e ritmo acelerado. Em qualquer lugar, respeitar procedimento, sinalizar área e manter equipamentos em bom estado é o que garante segurança e qualidade.
Mercado de trabalho
O mercado para soldadores no Brasil é dinâmico e acompanha as ondas da indústria e da infraestrutura. Três vetores ajudam a entender o cenário atual:
1) Demanda industrial e formação de genteO Mapa do Trabalho Industrial 2025-2027 (SENAI/CNI) estima que o país precisará qualificar cerca de 14 milhões de profissionais no período — com destaque para Construção, Manutenção e Metalmecânica (onde se encontram os trabalhadores de soldagem e corte). Essa projeção se repete em releases oficiais e materiais regionais, reforçando que a base industrial vai continuar pedindo gente com qualificação prática e hábitos de segurança. Para quem é soldador, isso se traduz em vagas recorrentes em montagem de estruturas, manutenção e linhas de produção.
2) Retomada naval e óleo & gásO setor naval voltou ao radar com aprovação de recursos do FMM (Fundo da Marinha Mercante) para renovar a frota e fortalecer estaleiros — sinal positivo para quem trabalha com solda em cascos e tubulações. Em paralelo, o ecossistema de óleo & gás tem movimentado contratações e parada de plantas, o que costuma puxar equipes de manutenção (incluindo soldadores) direta e indiretamente. Houve, por exemplo, anúncio de 1.780 contratações em 2025 por parte da Petrobras, e a subsidiária Transpetro prepara nova licitação para construção de barcaças — passos que pressionam cadeias de fornecedores e obras.
3) Energia e infraestruturaA agenda de energia renovável segue forte no Brasil, com estudos da própria indústria analisando geração de empregos no setor eólico (fabricação, montagem, operação e manutenção). A fabricação de torres, naceles e componentes metálicos usa solda em várias etapas. Obras públicas e privadas (galpões, pontes, indústrias, agro) também mantêm procura constante por profissionais que entregam segurança e qualidade. Para quem entra agora, é um bom momento para formar base em solda, leitura de desenho, metrologia e NRs, construindo um perfil empregável em diferentes frentes.
Como aproveitar na prática
Qualifique-se (SENAI e cursos livres sérios) e mantenha certificados organizados.
Monte portfólio de peças e estruturas (com autorização da empresa).
Busque nichos: manutenção industrial, montagem de estruturas, naval, óleo & gás, eólico.
Capriche na segurança — empresas valorizam zero acidente e rotina de checklists.
Acompanhe notícias de obras, licitações e paradas de manutenção na sua região.
Desafios
Vagas podem oscilar por região e ciclo (obra termina, demanda cai; obra nova abre, demanda sobe).
Exige condicionamento físico e postura profissional (pontualidade, cuidado com EPI).
Evite informalidade sem proteção: registre acordos e entenda seus direitos.
No geral, quem combina boa formação prática, segurança e qualidade encontra trabalho com frequência — e pode crescer para líder de solda, inspetor de qualidade ou migrar para áreas de caldeiraria e montagem, ampliando ganhos.
Perguntas frequentes sobre a profissão
1) Preciso de faculdade para ser soldador? Não. O caminho comum é curso de qualificação (como os do SENAI) + prática supervisionada. Depois, dá para buscar qualificações específicas quando o setor exigir.
2) É perigoso? Toda atividade com “trabalho a quente” tem riscos, mas há normas e procedimentos para reduzir perigos (NR-18 na construção, NR-34 em estaleiros). Com EPI, organização e atenção, dá para trabalhar com segurança.
3) Dá para crescer na carreira? Sim. Com experiência, você pode virar soldador sênior, líder, atuar em setores melhor remunerados (naval, óleo & gás, eólico) ou migrar para caldeiraria e inspeção.
4) Onde tem mais vaga? Depende do ciclo da sua região. Em geral, construção, metalmecânica, manutenção industrial, naval e energia são polos constantes de contratação — acompanhe obras e paradas próximas.
5) Quanto ganha? A média CLT nacional ficou em torno de R$ 3,15 mil/mês em agosto/2025, variando por estado, segmento e experiência. Em montagem industrial e manutenção pesada, a faixa costuma ser maior.
Links e vídeos úteis
Salário – Soldador (CBO 7243-15) – médias por estado/cidade (CAGED)
https://www.salario.com.br/profissao/soldador-cbo-724315/ (Portal Salario)
CBO – Soldador 7243-15 – descrição ocupacional
https://www.ocupacoes.com.br/cbo-mte/724315-soldador (Ocupações)
SENAI-SP – Metalurgia e Soldagem – cursos e trilhas
https://sp.senai.br/cursos/0/metalurgia-e-soldagem (SENAI São Paulo)
Curso SENAI – Soldador ao arco elétrico e oxigás (exemplo)
https://www.sp.senai.br/curso/soldador-ao-arco-eletrico-e-oxigas/76594 (SENAI São Paulo)
Mapa do Trabalho Industrial 2025-2027 (SENAI/CNI) – demanda por qualificação
https://noticias.portaldaindustria.com.br/noticias/educacao/brasil-precisa-qualificar-14-milhoes-de-profissionais-ate-2027-segundo-senai/ (Agencia de Notícias CNI)
NR-18 (Construção) – trabalho a quente e segurança
https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/.../norma-regulamentadora-no-18-nr-18 (Serviços e Informações do Brasil)
NR-34 (Naval) – solda em estaleiros
https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/.../norma-regulamentadora-no-34-nr-34 (Serviços e Informações do Brasil)
Indústria naval – investimentos do FMM (Governo Federal)
https://www.gov.br/portos-e-aeroportos/.../governo-federal-aprova-r-22-bi-para-impulsionar-setor-naval-e-aquaviario (Serviços e Informações do Brasil)
Empregos no setor eólico – estudo (CNI)
https://static.portaldaindustria.com.br/media/filer_public/a0/ab/a0ab1d43-eb1d-414f-973d-ba6943b8f143/2023_empregos_no_setor_eolico.pdf (Portal da Indústria)




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